RESENHA: BITTENCOURT PROJECT – BRAINWORMS I

Por: Danielle Feltrin

Já está à venda o primeiro – e tão aguardado – álbum solo de Rafael Bittencourt, guitarrista e fundador do grupo Angra. “Brainworms I” é o nome de seu projeto, cuja tradução literal é “Vermes do Cérebro”, um termo usado por neuro-cientistas americanos para designar certos tipos de melodias que fixam em nossa memória nos atormentando por um bom tempo. Inspirado neste conceito, Rafael Bittencourt escreveu as 11 canções e um bônus track que integram este CD.

“Dedicate My Soul” é a que estréia o álbum, uma forte música tanto musicalmente quanto textual, misturada com percussões brasileiras, hard-rock e metal progressivo. “Holding Back the Fire” entra como uma onda mais melancólica na segunda faixa do disco. Com acordes limpos, lembra som dos anos 80 como Queen e Yes. Também com uma letra marcante, nos faz repensar em diversas coisas que fazemos durante o dia, durante a vida.

Na terceira faixa “Torment of Fate” Kiko Loureiro (Angra) participa da música auxiliando na composição da intro do qual ganhou um arranjo “Tango-punk”, onde o guitarrista assume também sua influência de Linkin Park e Evanescence nesta música, bastante moderna. A letra trata de um alerta para o Aquecimento Global, muitíssimo intrigante. A próxima se chama “The Dark Side of Love”, uma balada romântica bem diferente, onde a letra retrata um sujeito que está sempre mudando a maneira de encarar os fatos e conclui que sempre há tempo de mudar a maneira de se encarar a vida.

“Nightfly”, puxada pra um estilo classic-rock, é uma das músicas mais íntimas de Rafael. A letra conta sobre memórias que ele tem da casa de praia de seu avô, de onde vêm suas melhores lembranças de quando era pequeno. A sexta faixa “The Underworld” é uma das mais famosas do álbum por ter sido uma das primeiras a entrar em divulgação antes do lançamento. Nesta faixa Rafael conta com a participação de Amon Lima com seu violino elétrico, dando um tom mais “sombrio” na música, onde retrata o submundo, um universo enorme de tudo que não sabemos, o nada sem respostas.

“Faded” é uma canção serena com leves toques de guitarra elétrica, inspirada em bandas como Pink Floyd, U2 e Coldplay. “Santa Teresa”, a faixa seguinte, é uma composição antiga com base de todos os arranjos numa viola caipira. Há uma mistura de música brasileira e até uma percussão meio indiana lembrando Led Zeppelin.

A seguinte, “O Pastor”, é o único cover do álbum, gravada originalmente pelo grupo português Madredeus. Muito fã, Rafael sempre quis gravar alguma música do grupo por ter uma assimilação com música new age e erudita, além de que o músico queria gravar algo em português, e esta foi sua oportunidade. A próxima faixa se chama “Comendo Melancia”, um instrumental regravado contando com a participação de Ricardo Confessori na bateria (ex-Angra e atual Shaman). Solos com bastante dinamismo e bem pesados.

“Primeiro Amor”, também instrumental e regravada, é toda feita por um violão solo mesclando o típico som brasileiro, homenageando também os vários violonistas que ajudaram a criar o estilo brasileiro de tocar este instrumento. A última faixa definida como bônus é a “Nacib Veio!”, na qual não faz parte do contexto do disco, porém é uma canção antiga do Rafael e decidiu então regravá-la, ficando bastante interessante com linhas de guitarra bem trabalhadas e um dueto country entre o guitarrista e o violino de Amon. A idéia de sua letra é retratar o povo simples morador do campo, baseada em fatos e pessoas reais que estão em sua memória.

Interessante ressaltar que, na compra do álbum, além do encarte com as letras vem junto um livreto com as traduções e significados da composição escritas pelo próprio Rafael Bittencourt. Curioso e instigante, a leitura te deixa por dentro de todas as considerações textuais e musicais interpretadas pelo Rafael com muitos detalhes, que por ventura foi de onde foi tirada a maioria das informações aqui expostas. Musicalidade, talento, sentimento, técnica e originalidade são algumas das qualidades do músico e também encontradas em “BRAINWORMS I”. Vale a pena ouvi-lo integralmente e prestar atenção em suas mensagens, aonde são contemporâneas e apocalípticas na maior parte do tempo.

Nota: 9

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