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ESPECIAL: Dia das crianças

Por: Rodrigo Paulino

Algumas choronas, outras risonhas… Umas são tão dóceis enquanto outras são extremamente ariscas… Mas no fim, todas elas gostam de brincar, de rir, ganhar presentes (desde que não seja roupa) e podem garantir um tempo de muita diversão para seus familiares. Acho uma responsabilidade muito grande, atribuindo a elas o título de futuro da nação, uma vez que nós somos os responsáveis pelo futuro, elas apenas darão continuidade ao “modus operandi” que passarmos para elas quando deixarem de ser crianças.

Essa matéria, vou tratar de duas formas o tema: primeiro uma reflexão das crianças ao nosso redor e depois a forma que elas foram introduzidas em algumas músicas.

Em uma visão global, sabemos que estamos vivendo em uma época bem tensa no Oriente, não sabemos onde isso tudo vai culminar, ainda mais na visão política, tendo margem para um futuro incerto. Mas o que dizer daquelas crianças que perdem suas famílias, seu lar por conta da violência? Muitas são ensinadas a pegar em armas desdes pequenas, ver talvez seus vizinhos, por motivos ideológicos impostos ou até mesmo religioso como seus inimigos. A banda Orphaned Land, em seu último álbum, All Is One, tratou do assunto na faixa “Let the truce be know“. A mensagem do clipe é bem simples e objetiva, choca em cenas em que os garotos carregam armas, emociona a cena da praia e deixa reflexivo com a representação da morte em meio ao cenário de destruição. Confira:


“Levantamos nossas mãos e caminhamos
Verticalmente para nos movermos um em direção ao outro
Sem armas, sem morte entre nós
Os inimigos agora se tornaram irmãos”

Os direitos de todas as crianças muitas vezes podem não ser respeitados, isso é uma realidade constante no nosso país e em muitos outros. Acho interessante a reflexão que o Sonata Arctica fez em “I Have a right“. Acho interessante que até mesmo o abuso moral é uma temática no clipe que eles fizeram para a música, com desenhos que retratam essa realidade. A necessidade e direito de poderem e garantir algo sólido para acreditar. A letra dessa música é muito bela.


Me dê o direito de ser ouvido
De ser visto, de ser amado, de ser livre
De ser tudo que eu preciso, de ser eu
De estar seguro, de acreditar
Em algo

Agora ainda na vibe de direitos e entrando na área em que crianças mostram seu potencial na música, temos “We are the others“, do Delain, apesar da música ser uma espécie de homenagem à Sophie Lancaster, que foi brutalmente assassinada em 2007 por causa da forma que se vestia. No entanto, a banda decidiu usar um coral infantil na parte do refrão. Apesar de se tratar de um assunto não tão infantil, como o bullyng as crianças desde pequenas devem ter a consciência disso. É interessante que se pensarmos bem, essa música nos leva a meditar: “Quem é meu próximo? Amar o próximo como eu me amo? Sou eu o próximo?” É interessante meditar no fato de ser colocado um coral infantil, pois elas não ligam para aparência física de alguém. Certa ocasião, quando voltava da escola, um garotinho disse: “Mãe, fiz um novo amigo na escola, ele é muito legal!” a mãe perguntou: “Verdade? Ele é como? Moreno ou branco? Loiro ou moreno?” o garoto parou e disse: “Não reparei, ele é muito legal!” Será que todos nós não podemos aprender algo com as crianças? Cheque o vídeo da banda, com participações especiais de alguns cantores conhecidos como Sharon Den Adel e George Oosthoek:


Normal não é a norma
É apenas o uniforme
(Nós somos os outros)
Esqueça as normas
(Nós somos os outsiders)
Tire seu uniforme
(Nós somos os outros)
Nós somos bonitos
(Nós somos os outros)

Finalmente chegamos em algo que muitos consideraram o exagero de corais infantis: o álbum Imaginaerum dos finlandeses do Nightwish. Sem a pegada de “góticos leve do metal nórdico”, o último álbum com a vocalista Anette Olzon, foi um dos mais bem recebidos pelos fãs, pois possibilitou a todos que vessem o potencial máximo que a cantora podia alcançar. No entanto, elementos como instrumentos exóticos e até mesmo os corais infantis foram muito bem trabalhados. Temos uma grande participação dos corais em faixas como Storytime, Ghost River, Scaretale (essa dá medo), Rest Calm e no poema de Song Of Myself. Vale a pena também dar atenção ao filme (acabei de assistir pouco antes de revisar o texto) que é bem interessante a visão de como as relações entre pais e filhos afetam suas vidas, o longa contém uma trilha sonora própria, das músicas do álbum todas trabalhadas.


Uma curiosidade sobre essa música, o poema que é recitado no início dela, era cantado pelas crianças antes de dormir ou em cantigas de roda durante a grande praga na Europa. A letra desse poema é um tanto que… Sinistra.

O Therion, em Sitra Ahra, na canção Children of the Stone: After inquisition. A canção é toda estranha na letra, como tudo no Therion, mas trata-se do fim de uma era e seus remanescente nesse meio, que são nomeados aqui como as Crianças de Pedra.

Recentemente para um quadro de uma emissora, o Sepultura fez uma versão bem legal de um clássico brasileiro: Cirandinha. VAMOS TOCAR O TERROR NA CRIANÇADA! Brincadeira.

Espero que tenham gostado da matéria.

RESENHA: ORPHANED LAND – ALL IS ONE

Por: Rodrigo Paulino

O metal é um gênero único, suas vertentes são tão amplas que algumas vezes você pode se pegar a pensar: “Bah! Onde que eu andei esses tempos que nunca tinha ouvido isso?” Isso me ocorreu no último dia do ano de 2014. Bateu aquela curiosidade para saber quem era Orphaned Land… Ví um daqueles ups que fazem com o álbum inteiro no YouTube e simplesmente me apaixonei pela banda.

Eles são israelenses, desde 1991 estão na ativa, apesar de um hiatos de 6 anos, voltaram em 2004 . O álbum que vou resenhar agora, é particularmente o meu favorito, pela sonoridade e pelas letras. A capa fala por sí.

O álbum inicia com o melhor das palmas e aquele clima israelense, mas ai você s esupreende com as guitarras e um coral maravilhoso, dando entrada ao vocalista, que possuí uma voz bem característica de habitantes do meio oriente, All Is One abre o álbum de maneira épica e, apesar do clipe ser cheio de pequenos detalhes grossos, é muito bonito. Os arranjos árabes não soam artificiais, são muito bem trabalhados e bem posicionados, o elemento folk é muito marcante, com aquelas firulas vocais e tudo mais, após um tradicional instrumental, a guitarra explode num solo feroz, com riffs e voltamos ao início da musica com aquele mesmo coral poderoso, carregado de vozes, chega a arrepiar. The Simple Man carregam uma impressão mais oriental do que sua antecessora, é mais leve, porém guitarra e bateria se fazem muito presentes, o vocal é mais ambiental, porém no refrão é muito gostoso, é uma viagem de tapete voador. Brother vem a ser uma balada acompanhada por um piano, vem lembrando mais as bandas ocidentais, o álbum como um todo trata bem das políticas e das diferenças infundadas por meio da religião, visto eles virem de um país dividido e sentido religioso, eles tratam os conflitos que eles vivem diariamente: judaísmo, cristianismo e muçulmanos se ferem em combates, tanto que a capa do álbum retrata os 3 símbolos religiosos em um único desenho.

Outra canção que merece destaque é Fail, ela trás consigo o peso que pode ser conferido nos álbuns anteriores, é uma canção bem agressiva, por sí mesma ela assusta com a fala no início. Guitarras pesadas e a bateria bem rítmica, garantem o peso. É uma música bem progressiva, o refrão dela é lindo demais, em meio a tanta violência, abre-se caminho para uma melodia de vozes tão tranquilas, que chega a destonar daquilo que você como ouvinte espera.

Existem faixas cantadas em hebraico, como Through Fire And Water, o que eu acho que seja algo muito positivo, tendo visto que o idioma materno é algo mais fácil de se expressar, a emoção é impressa na música e sentida de forma mais direta. Ya Benaye já tem mais peso o que a torna meio que indispensável numa ouvida rápida pelo álbum.

O álbum como um todo, é um daqueles que você ouve sem pular uma faixa sequer, ele é surpreendente, os convidados enriquecem mais ainda o álbum com suas vozes e cordas, é uma experiência diferente, vinda de um país que sabemos pouco com relação à sua cultura e sua relação com o metal ser um tanto que desconhecida. Espero que curtam.

Orphaned Land é:
• Kobi Farhi – vocais
• Yossi Sa’aron (Sassi) – guitarra, violão e instrumentos orientais
• Uri Zelcha – baixo
• Chen Balbus – guitarra
• Matan Shmuely – bateria

Tracklist de All Is One:
01. All Is One
02. The Simple Man
03. Brother
04. Let The Truce Be Known
05. Through Fire And Water
06. Fail
07. Freedom
08. Shama’im
09. Ya Benaye
10. Our Own Messiah
11. Children