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RESENHA: DARK SARAH – BEHIND THE BLACK VEIL

Por: Rodrigo Paulino

Eu juro para vocês que antes de sentar (mentira, me deitar, tô doente e geralmente escrevo deitado) para fazer essa resenha, eu procurei a definição de “cinematic rock” ou “cinematic metal” e acabei não chegando a conclusão mais obvia do que a de que todas as músicas desse gênero ficariam lindas e bem arranjadas em qualquer filme ou um novo ramo do symphonic metal, só que mais leve. Dark Sarah é bem isso mesmo. A cantora Heidi Parviainen saiu do Amberian Dawn, ficou um tempo compondo e um belo dia nos disse que teríamos novidades… Heidi tem uma voz soprano, lembrando o estilo de Sarah Brightman e algumas vezes confundida com a também finlandesa Tarja Turunen. Heidi precisava de ajuda para lançar e gravar e o álbum e iniciou uma campanha pelo indiegogo com o fim de reunir doações para fazer o álbum, isso foi dividido em 3 partes e em cada parte ela lançava um EP com algumas musicas e recompensava as doações com presentes como camisetas, os eps conforme eram lançados e como recompensa final, o álbum em si.

Para nossa surpresa, ela começou a lançar clipes, bem produzidos e nos revelou o conceito do seu projeto, em uma tradução livre: Dark Sarah conta-nos a estória de Sarah, uma simpática jovem, que enfrenta uma das maiores crises de sua vida quando seu marido a abandona no altar com outra moça da igreja. Sarah pensa que vai morrer e ao invés de ficar em casa no tempo que lhe resta sozinha em casa, vendo a chuva cair, ela cai no chão. E por um momento em que apenas havia silêncio, apenas escuridão, até ela se levantar, tremendo. Uma máscara dispersa forma o simbolo de Horus em seu olho.

Com o olhar vidrado, ela escreve uma carta:

Olhava o mundo com meus olhos azuis, costumava amar de coração aberto mas eu era ingenua, o mundo precisava me mostrar isso. Tive raiva da minha fraqueza e raiva do mundo. Nas ondas escuras da minha mente eu fiquei mais forte, má e comecei a mudar. Trabalhei com meu medo e me tornei DARK SARAH. Não sou amarga, sou agridoce.”

A premissa impressionou, daí tivemos a primeira música liberada: “Save me”, junto com o clipe. Foi um marco que remeteu muitos a Evanescence, até a moça abrir a boca para cantar… Sua voz tão delicada e tão doce, junto de uma atmosfera tão soturna e obscura, sua voz era praticamente de lamento e tristeza. A batida cada vez mais compassada com todo o lado melódico, mas a musica tem uma progressão tão suave e doce, unido à voz suave de Heidi.AH! O sotaque dela cantando é uma gracinha. O refrão da música é como se um lapso de esperança ainda existisse para a nossa protagonista, como se ela estivesse fazendo os planos para sua vingança. O clipe todo foi gravado numa floresta, com bons takes de cena, e um final… bem, veja por si mesmo:


Save me, save me, save me ooooooooooohhhhh
Mas pera, quem precisa de ajuda mesmo?

No álbum, seguimos com Poison Apple com uma batida mais carismática, com um vocal mais limpo, as guitarras são mais presentes e a música tem mais firulas, é uma canção legal, porém bem repetitiva. Hide and Seek começa logo com um piano e voz, chega a enganar você amigo ouvinte, com a Tarja, no decorrer da musica temos a presença de flauta, que dá um acabamento bem bonito, a musica parece se tratar de uma reflexão de Sarah sobre o que lhe ocorrera, a musica possui também um efeito de coral e orquestra muito bonito e soturno (as goticaiada pira) por conta de um mid de orgão que toca bem ao fundo.

Daí novamente fomos surpreendidos por um novo clipe… A canção Memories Fall, um dueto muito caprichado com Manuella Kraller (ex- Xandria, ex-Haggard, sempre linda). Gente, foi um clipe bem simples para uma canção que arrepia quando essas duas inventam de cantar juntas, é um duele entre as duas partes de Sarah, a estrutura da musica é incrível, chega a arrepiar e a forma que ambas executam a musica é triunfal. Olha o clipe:


Manuella Kraller (sempre linda) nesse dueto de arrepiar!
Dois monstros do metal sinfônico se unem numa canção de arrepiar

Uma outra grata surpresa, foi a música Evil Roots com a participação de IngaScharf (Van Canto). Outro musicão, ela tem uma pegada de power com corais e uma coisa meio techno com a voz versátil de Inga, a voz dela é super firme, dá um efeito tão legal junto com a dela no refrão, que você fica impressionado ainda mais com a voz de Heidi. É uma canção rápida, com direito a solos de guitarra e bateria. Não teve clipe, mas teve um lyric video maroto:


“Sarah gave her soul
For the power to be cold
It’s sad but true
This is the story that’s not new
The fairest mind
That once was kind
Has now changed toooooo”

Violent Roses incia-se com a magia Disney, e sim, continua com o estilo de alguns musicais da Disney, junto com um estilo dramático de cantar tão característico, ela também te remete a musicais ao estilo Sweeney Todd, mas ganha uma guitarra e uma presente bateria no refrão, é uma mistura que deu muito certo. Se você curte musicais, vai super se identificar com esse tema, pois até risadas e pequenos monólogos são encaixados na canção, o legal que ela termina como ela começa, com aquele climinha obscuro e misterioso, de magia Disney.

Hunting The Dreamer também é daquelas que mistura o power com o vocal melódico, bateria compassada e guitarras muito bem presentes com o teclado dando pequenos toques, é uma canção muito interessante e legal. Ah sim, teve um clipe:


Sarah, pra quefazer macumba e  tacar fogo quando você pode usar Baygon?

No álbum temos a faixa Fortress em que temos a aura obscura, com a voz tão suave e com um acompanhamento tão belo da orquestração, outra daquelas que se você gosta de um pouco de teatro, vai curtir, ela tem todos os elementos do gênero, mas que te surpreende no refrão, pois ele é muito explosivo, ele é forte e aos mesmo tempo meio dramático, com corais. Silver Tree tem uma coisinha tão fofinha que te remete aos clássicos de RPG Final Fantasy, é uma viagem tão gostosinha, e logo ganha o peso sem perder a orquestração, essa musica é um espetáculo e sim, ela gruda em sua mente. Chegamos a faixa que uso como despertador! Sun, Moon And Stars ela tem uma introdução que lembra musicas do estilo New Age, mas explode sem manter o ritmo, ela também gruda na cabeça, não tinha entendido de onde eu fico cantarolando “And I recaaaalll” o dia todo. Brincadeiras à parte, o estilo combinou tão perfeitamente com a voz e a sinfonia que ela vicia.

Então a magia Disney volta, como se por pura mágica tudo desse certo em Light In You, com Tony Kakko (Sonata Arctica, The Life and Tale of Scrooge), ela é uma baladinha? SIM! Teatral? SIM! As vozes deles é tão harmônica, Kakko consegue assumir o acompanhamento sem ser muito barulhento, a guitarra é apenas um detalhe nessa canção, que coloca um adorno tão belo. Então Kakko solta a voz. É outra faixa muito agradável de se ouvir, é tão bonitinha. Confere aí o clipe:


Sarah, não taca fogo nesse não, ele tem uma luz própria.

Sarah’s theme é a faixa de encerramento do álbum, você pode facilmente imaginar as letras subindo ao final de um filme, acompanhado da doce voz com toques bem doces do piano, um leve coral e as firulas, é uma viagem ouvir essa música, é tão gostosinha que você vai querer ouvir de novo e é uma das faixas mais curtas do álbum, durando apenas 2:35.

Como bônus, Heidi decidiu colocar uma canção que nos encantou, ela é bem divertida, A Grim Christmas Story, tem toda aquela pegadinha de natal e um doce musical… bem, não tão doce… digamos, agridoce. A musica fala do natal fracassado de Sarah, quando ela descobre a traição do marido e o mata e assim vai matando todos aqueles que perguntavam sobre o marido dela, o homem do leite, a polícia, o filho do homem do leite até ser presa e finalmente matar os carcereiros e todos vão parar no fundo do mar. Essa música tem uma coisa musical também, é bem divertida, caprichada.

Dark Sarah tem o objetivo de entreter o ouvinte nesse mundo protagonizado pela raiva, é bem teatral, muito dramático em alguns momentos, mas é um bom álbum, pra quem curte o estilo cinemático é um prato cheio.