A mostra In-Edit Brasil exibe hoje no Canal Brasil o filme “Gangrena Gasosa – Desagradável”, de Fernando Rick, à 00:15. A apresentação do programa é do músico Paulo Miklos que traz curiosidades sobre os filmes exibidos.
O In-Edit Brasil é o primeiro festival dedicado exclusivamente ao gênero do documentário musical no país. O evento, que chega a seu sétimo ano em 2015, tem em sua programação principal longas-metragens nacionais e estrangeiros, sempre tendo a música como tema central das produções. Com alguns dos maiores sucessos apresentados no festival, o Canal Brasil reúne filmes que fizeram parte da programação da mostra em suas seis primeiras edições.
Em maio, o espectador confere dois títulos que contam a história de gêneros brasileiros. No dia 18/05, Gangrena Gasosa – Desagradável, sobre a Gangrena Gasosa, a primeira e única banda de Saravá Metal do universo. Já no dia 25/05, será exibido o documentário sobre o cotidiano de três moradores da Zona Norte carioca que, em comum, têm a paixão pelo rap. Antes da exibição dos filmes, o titã Paulo Miklos revela curiosidades de cada filme.
Serviço:
Mostra In-Edit no Canal Brasil
Gangrena Gasosa – Desagradável
Segunda, dia 18/05, à meia-noite e quinze e mad. de sex./sab., dia 23/05, às 02h.
Trailer oficial:
https://www.youtube.com/watch?v=-oVTP7ru7Mw
:: MAIO ::
Gangrena Gasosa – Desagradável (2013) (121’) – Tem gente que parece ter vindo ao mundo para confundir e incomodar. Este é o caso dos integrantes da Gangrena Gasosa, a primeira e única banda de Saravá Metal do universo. Dirigido por Fernando Rick, o documentário narra a trajetória dos músicos mais macumbeiros do Brasil. Jello Biafra, BNegão, Dado Villa-Lobos, Marcelo D2 e Tom Leão dão seus depoimentos sobre as mandingas que cercaram o grupo.
O conjunto cruza elementos da cultura afro-brasileira incorporando uma mistura de metal com hardcore regado a elementos do Candomblé. O filme relata episódios arrepiantes e hilários. Afinal de contas, as histórias de atropelamentos, atentados, membros contraindo AIDS, conspirações da mídia, perseguições de nazistas, tentativa de espancamento e assassinatos são reais ou apenas mitos? Isso tudo será desvendado no registro.
Apesar de possuírem poucos álbuns lançados, o valor do Gangrena é inestimável para a cena alternativa carioca. O título exterioriza grande parte desse legado e, principalmente, o preconceito sofrido dentro e fora do Brasil. Tudo isso com pitadas de bom humor, a essência da trupe.
Segunda, dia 18/05, à meia-noite e quinze e mad. de sex./sab., dia 23/05, às 02h.
Fala Tu (2003) (75’) – Dirigido por Guilherme Coelho e com argumento de Nathaniel Leclery, o documentário é o resultado do acompanhamento, por nove meses, do cotidiano de três moradores da Zona Norte carioca que, em comum, têm a paixão pelo rap. O filme é o testemunho das dificuldades pelas quais os cantores passam para concretizar seus sonhos, a relação com o trabalho e a música, e as transformações vividas pelos personagens durante o tempo de filmagem, quando batalham para fazer da sua música o seu “ganha-pão.” A câmera não se restringe às entrevistas, capturando imagens dos rappers trabalhando, brigando, cantando e até em cultos religiosos.
Combatente, Macarrão e Togum são os três personagens centrais. Combatente é o codinome da operadora de telemarketing Mônica, de 21 anos, moradora do Vigário Geral. Confiante no poder transformador do rap, ela versa sobre saúde sexual, paz e igualdade e, recentemente, foi iniciada na igreja do Santo Daime. Togum, de 32 anos, é um dos pioneiros do movimento rap no Rio, trabalha como vendedor de produtos esotéricos. Com estilo agressivo de cantar, o rapper sonha em ir para faculdade e se tornar o primeiro porta-voz negro do Presidente da República. Já Macarrão, de 34 anos, mora no Morro do Zinco com sua mulher e vários filhos e é apontador do jogo do bicho. Integrantes do “lado B” do cenário do rap carioca, restrito à periferia, estão distantes tanto de astros como MV Bill quanto de uma postura revolucionária.
Os discursos dos três variam, chegando a se opor em alguns momentos: enquanto Combatente e Togum têm suas falas marcadas pela utopia e pelo sonho, Macarrão diz que seu rap não é protesto, e sim uma “crônica do cotidiano”. As composições dos personagens passeiam entre temas como a realidade da mulher, o preconceito racial, a violência moral e física e o dia a dia no morro. O filme aponta diversos aspectos positivos da realidade da periferia em grandes cidades, como Rio e São Paulo. A paisagem, fora do cartão-postal da “cidade maravilhosa”, é pontuada pelo rap, pela ginga e por um certo ideal de malandragem. Determinados, os personagens passam por cima de todo e qualquer problema – como a perda do emprego, a morte de um parente próximo e as limitações dos serviços que o Estado presta para suas regiões – para atingir seus objetivos: fazer música.
A produção recebeu o prêmio de melhor direção e melhor documentário eleito pelo Júri Popular no Festival do Rio de 2003; ganhou uma Menção Honrosa no Festival de Cinema Brasileiro de Paris no mesmo ano; participou da Mostra Competitiva do Festival Internacional de Cinema de Miami, do Festival Cinéma du Réel em Paris e da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, todos em 2003; e foi selecionado para a mostra Panorama no Festival de Berlim de 2004, onde foi exibido com boa recepção por parte do público.
Segunda, dia 25/05, à meia-noite e quinze e mad. de sex./sab., dia 30/05, às 02h.
Comentários