RESENHA: BITTENCOURT PROJECT – BRAINWORMS I

Por: Danielle Feltrin

Já está à venda o primeiro – e tão aguardado – álbum solo de Rafael Bittencourt, guitarrista e fundador do grupo Angra. “Brainworms I” é o nome de seu projeto, cuja tradução literal é “Vermes do Cérebro”, um termo usado por neuro-cientistas americanos para designar certos tipos de melodias que fixam em nossa memória nos atormentando por um bom tempo. Inspirado neste conceito, Rafael Bittencourt escreveu as 11 canções e um bônus track que integram este CD.

“Dedicate My Soul” é a que estréia o álbum, uma forte música tanto musicalmente quanto textual, misturada com percussões brasileiras, hard-rock e metal progressivo. “Holding Back the Fire” entra como uma onda mais melancólica na segunda faixa do disco. Com acordes limpos, lembra som dos anos 80 como Queen e Yes. Também com uma letra marcante, nos faz repensar em diversas coisas que fazemos durante o dia, durante a vida.

Na terceira faixa “Torment of Fate” Kiko Loureiro (Angra) participa da música auxiliando na composição da intro do qual ganhou um arranjo “Tango-punk”, onde o guitarrista assume também sua influência de Linkin Park e Evanescence nesta música, bastante moderna. A letra trata de um alerta para o Aquecimento Global, muitíssimo intrigante. A próxima se chama “The Dark Side of Love”, uma balada romântica bem diferente, onde a letra retrata um sujeito que está sempre mudando a maneira de encarar os fatos e conclui que sempre há tempo de mudar a maneira de se encarar a vida.

“Nightfly”, puxada pra um estilo classic-rock, é uma das músicas mais íntimas de Rafael. A letra conta sobre memórias que ele tem da casa de praia de seu avô, de onde vêm suas melhores lembranças de quando era pequeno. A sexta faixa “The Underworld” é uma das mais famosas do álbum por ter sido uma das primeiras a entrar em divulgação antes do lançamento. Nesta faixa Rafael conta com a participação de Amon Lima com seu violino elétrico, dando um tom mais “sombrio” na música, onde retrata o submundo, um universo enorme de tudo que não sabemos, o nada sem respostas.

“Faded” é uma canção serena com leves toques de guitarra elétrica, inspirada em bandas como Pink Floyd, U2 e Coldplay. “Santa Teresa”, a faixa seguinte, é uma composição antiga com base de todos os arranjos numa viola caipira. Há uma mistura de música brasileira e até uma percussão meio indiana lembrando Led Zeppelin.

A seguinte, “O Pastor”, é o único cover do álbum, gravada originalmente pelo grupo português Madredeus. Muito fã, Rafael sempre quis gravar alguma música do grupo por ter uma assimilação com música new age e erudita, além de que o músico queria gravar algo em português, e esta foi sua oportunidade. A próxima faixa se chama “Comendo Melancia”, um instrumental regravado contando com a participação de Ricardo Confessori na bateria (ex-Angra e atual Shaman). Solos com bastante dinamismo e bem pesados.

“Primeiro Amor”, também instrumental e regravada, é toda feita por um violão solo mesclando o típico som brasileiro, homenageando também os vários violonistas que ajudaram a criar o estilo brasileiro de tocar este instrumento. A última faixa definida como bônus é a “Nacib Veio!”, na qual não faz parte do contexto do disco, porém é uma canção antiga do Rafael e decidiu então regravá-la, ficando bastante interessante com linhas de guitarra bem trabalhadas e um dueto country entre o guitarrista e o violino de Amon. A idéia de sua letra é retratar o povo simples morador do campo, baseada em fatos e pessoas reais que estão em sua memória.

Interessante ressaltar que, na compra do álbum, além do encarte com as letras vem junto um livreto com as traduções e significados da composição escritas pelo próprio Rafael Bittencourt. Curioso e instigante, a leitura te deixa por dentro de todas as considerações textuais e musicais interpretadas pelo Rafael com muitos detalhes, que por ventura foi de onde foi tirada a maioria das informações aqui expostas. Musicalidade, talento, sentimento, técnica e originalidade são algumas das qualidades do músico e também encontradas em “BRAINWORMS I”. Vale a pena ouvi-lo integralmente e prestar atenção em suas mensagens, aonde são contemporâneas e apocalípticas na maior parte do tempo.

Nota: 9

RESENHA: VAN CANTO – HERO

Por: Letícia Okabayashi

O segundo álbum da criativa banda alemã Van Canto foi lançado em setembro, intitulado “Hero” [nome mais que justo à banda que se auto-intutula “Hero-Metal a – capella”], pela Gun Records, ainda sem previsão para lançamento no Brasil. Este cd vem com uma melhor produção e acabamento do que o primeiro, “A Storm to Come”, lançado em 2007. Os poucos que tiveram oportunidade de ouvir o cd em formato digipack entregues no Wacken 2008, com uma pequena amostra das músicas que viriam, já tem uma idéia do que a banda se propôs neste novo trabalho.

Este novo álbum é composto por 5 músicas próprias e 5 covers, que são: “Kings of Metal” (Manowar), “Stormbringer” (Deep Purple) que sem dúvida são as músicas mais diferentes já cantadas por eles, sem frescuras e tendo até solos de baixo por Ike, deixando claro que a banda também se daria bem se optasse por um estilo mais “clássico”; “Wishmaster” (Nightwish), na qual Inga mostra o que realmente a inspira, sem perder a personalidade na voz; “Fear of The Dark” (precisa citar de que banda?) fica meio ‘vazia’ em relação aos outros covers, não deixando de ser um ótimo desafio à banda e aos ouvintes, principalmente nas partes de Sly, deixando uma marca na música com seu timbre forte e onde Stefan executa seus solos com distorções absurdas. “Bard’s Song” (Blind Guardian), é explicativa quanto ao talento na voz destes membros (até mesmo o baterista deixou as baquetas de lado e se juntou às vozes), uma música cheia de vocalizes e passagens emocionantes, onde fielmente reproduzem o feeling da original. Desafio pois não é qualquer um que sai solando ou fazendo os riffs destas bandas, no máximo reproduzem som parecido com instrumentos, coisa que aqui só a bateria pode fazer.

Quanto às próprias, não é mais possível em todas as músicas se ouvir o famoso “Rakka-Takka” (podem surgir outras onomatopéias!) pois está mais diversificado quanto à isso, e em certas partes do cd, uma distração pode fazer esquecer que são apenas vozes.

“Speed of Light” foi a primeira música apresentada à mídia, no Myspace e em seguida em alguns sites, junto com seu clipe (diga-se de passagem muito, muito melhor produzido que o primeiro da banda) já iniciando o espírito de “Preparem-se, Heróis!” de suas canções, um som muito “power a-capella”; “Pathfinder” pode ser considerada a música própria mais aleatória deste cd, por conter uma diferente percussão no meio dela, um tanto “abrazileirada” que encaixou bem às vozes, seguida de “Quest For Roar” (ambas executadas no show em São Paulo), inevitável não perceber as guitarras-base de Ross, e pode-se ouvir que Basti não sabe fazer somente pedal duplo “speed” mas que tem muito ritmo também; “Take to the Sky” combinou com a voz do convidado Hansi Kürsch (Blind Guardian) na qual participou e deu à música um toque a mais; a última própria (e última faixa do álbum) é a faixa-título, “Hero”, o dueto dos vocalistas principais encaixa muito bem às passagens de pedal duplo, totalmente num clima heróico (chega a ser redundante), remetendo à trilha sonora de filmes épicos que encerra o disco, explícito ao estilo da banda.

A banda é nova, apenas 2 anos de estrada, e neste novo álbum já incluiu um DVD no pacote com clipes, fotos e cenas de sua tour pelo Brazil em junho deste ano.

Ao ouvir Van Canto muitos podem odiar, já outros amar, mas é indiscutível quanto ao talento, entrosamento (de sobra), criatividade e principalmente ousadia que estes 5 vocalistas e baterista têm.

Tracklist:

CD:
01. Speed Of Light
02. Kings Of Metal (Manowar Cover)
03. Pathfinder
04. Wishmaster (Nightwish Cover)
05. Bard’s Song – In The Forest (Blind Guardian Cover)
06. Quest For Roar
07. Stormbringer (Deep Purple Cover)
08. Take To The Sky (feat. Hansi Kürsch)
09. Fear Of The Dark (Iron Maiden Cover)
10. Hero

DVD
01. The Mission Videoclip
02. Battery Videoclip
03. Making Of “Battery”
04. Speed Of Light Videoclip
05. Making Of “Speed Of Light”
06. Rain Videoclip
07. Brazil Video
08. Studio Report
09. Track by Track
10. Photo Gallery

Nota: 9

RESENHA: ALMAH – FRAGILE EQUALITE

Por: Letícia Okabayashi

O segundo cd do projeto solo de Edu Falaschi (agora sendo não só um projeto e sim uma banda) intitulado Fragile Equality, lançado pela JVC e Laser Company no Brasil, está trazendo uma versátil faceta ainda não conhecida dos músicos que se juntaram para a nova formação da banda ALMAH.

Conhecido mundialmente por ser vocalista da banda Angra, engana-se quem pensa que Edu segue a linha desta banda, pois há mais peso e áreas musicais mais exploradas. O cd mistura várias influências de heavy, power, thrash e prog metal, na medida certa para cada música e melodia de voz.

Repleto de diferentes linhas de voz, como jamais antes em seus trabalhos, nota-se uma grande evolução desde o primeiro cd, não só nas vozes e instrumentos, mas nas letras, produção e divulgação. Tanto que sua primeira tiragem foi esgotada na Expo Music 2008, em um só dia.

Com muitos duetos de solos de guitarra, baixos ainda mais pesados e frases de bateria diversificadas, Fragile Equality está caindo na graça não só dos que já eram fãs, mas também dos que não conheciam o trabalho da banda. As letras se tornam um mundo à parte, falando principalmente sobre desigualdade, em todos os aspectos, e por outro lado um otimismo sem igual, todas assinadas pelo próprio fundador da banda.

Nas três primeiras musicas – “Birds of Prey”, “Beyond Tomorrow” e “Magic Flame” – já é possível perceber que não estão de brincadeira. Compassos rápidos acompanhados de efeitos de teclados, muito pedal duplo e solos de guitarras em sintonia descrevem o inicio deste álbum. Na terceira principalmente, muito bem executada a forma de como o ritmo e o tom da música vão subindo ao decorrer dela.

Na música seguinte, “All I Am”, vem a primeira balada do cd, com refrão marcante com violões e coro, dá um ar enfático e, o que seria somente uma balada, se torna uma linda obra com muito sentimento. Seguida por “You’ll Understand”, primeira musica apresentada no Myspace à mídia, tem efeitos sonoros e muito drive na voz, destaque para Felipe Andreoli com um pequeno solo no meio da música, fazendo ponte a um extenso dueto de solos de guitarra de Paulo Schroeber e Marcelo Barbosa.

“Invisible Cage” vem como a música mais leve do álbum mesmo com passagens obscuras, com percussões e ritmo diferente das demais músicas, o oposto da faixa título, “Fragile Equality”, com muitas influências de thrash nas partes cantadas, quase não se pode reconhecer a voz do Edu até o refrão e Marcelo Moreira se destaca nesta música pelas passagens de bateria.

“Torn” é mais uma musica notável no cd por se perceber claramente linhas de voz e melodias jamais ouvidos no primeiro Almah. “Shade of My Soul”, a segunda e última balada do disco, vem com um clima intimista, calmo, um tom de voz doce e forte. Encerrando o álbum, “Meaningless World” é uma música um tanto diferente das demais por sua pegada mais ‘power’, mas não deixa a desejar por ser a última.

Fragile Equality sem dúvida é uma grande produção, um cd que deve ser ouvido com atenção para se notar que cada mínimo detalhe foi pensado e escolhido para fazer parte disto. Não é necessário ouvir mais de uma vez para se cantar um refrão ou outro, cantar os solinhos de guitarra ou ‘bater cabeça’ no ritmo da música. Com certeza muitos se surpreenderão ao ouvir o novo trabalho da banda Almah, que está mais diversificado e autêntico do que nunca.

1. Birds of Prey
2. Beyond Tomorrow
3. Magic Flame
4. All I Am
5. You ll Understand
6. Invisible Cage
7. Fragile Equality
8. Torn
9. Shade of My Soul
10. Meaningless World

Myspace: www.mypace.com/almahedufalaschi

Nota: 9

RESENHA: HEREGE – HEREGE

Por: Edu The Great

Muito bem, muito bem, e minha primeira missão aqui no Ponto ZerØ vem com uma banda “nova”, sim, entre parênteses dessa forma pelo fato de ter sido formada em 2001 pelo que andei pesquisando e sinceramente? É uma belíssima surpresa dessa banda que vem diretamente do Sul do país.

A banda em questão chama-se Hertege e, particularmente, ainda não havia ouvido material desses quatro músicos que tem muito a mostrar pela frente se realmente correrem atrás porque demonstram nesse disco que leva o nome da banda uma linha Heavy Metal com um certo groove chegando a dar umas levadas de AOR e Hard Rock.

Bem, levando em conta música por música podemos dizer que o disco começa muito bem: a primeira faixa “Blitzkrieg” é do estilo que me agrada com uns violões simples porém com melodia, isso é fundamental para um bom início de audição. Em seguida uma porrada com “Last Days Of The Führer”, típica música de continuação para a abertura do disco. Como o próprio nome já diz, é uma faixa do tipo “revoltada” e soa muito bem. O vocal de Dennis Lima deixa claro a influência de um Metal Melódico mais arrastado, isto é, porque a banda foge e muito desse estilo melódico e cai numa linha Heavy com Prog misturada com AOR. No entanto, gera uma expectativa que é desmascarada na terceira faixa, denominada “Bear Versus Eagle” que é seguida por “Congress Cellars” em uma seqüência só, uma complementando musical e liricamente. Novamente, o vocal manda bem e as guitarras de Dalton Castro chamam bastante atenção, mostrando-se super técnico e com levadas à lá Satriani. É importante destacar na faixa seguinte “Warfare”, a cozinha muito bem conduzida por Maurico Velasco (Drums) e Rodrigo Dantas (Bass) dando vestígios de uma influência clara de Judas Priest nessas viradas repentinas entre o chimbal e o bumbo com as cordas do baixo.

Muito bom! Na seqüência do disco temos “Turn Of The TV”, uma música extremamente rápida e direta, com passagens meio Balck Sabbath e Def Leppard. Aliás, uma coisa muito interessante é a levada oitentista dessa banda: os caras carregam uma imensa característica de estarem na época errada! Mas enfim, músicas boas seguem, como no caso de “Plastic Flowers” onde novamente o violão retorna para dar um ar corretíssimo no balanceamento das músicas. Uma épica de nove minutos onde chega a lembrar o Angra “Nova Era” tanto na melodia quanto na voz de Denis que recria um vibrato interessante. Essa talvez seja a melhor do disco por sua criação e composição muito bem feitas. Depois seguindo para o fim do disco temos uma música bem estilão Metal: bateria e baixo pegando pesado e a guitarra com a distorção no talo! Muito boa a “Free Yourself”, tal qual “Limit” que novamente põem à prova a cozinha da banda e se saem bem demais da conta demonstrando que são dois músicos que aprenderam a encaixar os instrumentos em suas devidas funções. Nesta a guitarra utiliza um pouco mais de efeitos, aparentemente colocados meio de lado nesse disco mas de uma forma consciente. Para finalizar, temos “The Letter”, uma música que me lembrou demais aquele disco lançado por Renato Tribuzy que teve participações especiais ilustríssimas de Bruce Dickinson, Mat Sinner, entre outros tanto pela parte vocal tanto pela forma agressiva com que os músicos criaram em cima de uma música que aparentemente é simples, porém ao deparar-se com a qualidade da gravação e da composição percebe-se que foi muito bem preenchida. Uma ótima forma de encerrar um disco ainda cru em alguns aspectos, porém com uma banda que demonstra uma certa maturidade na hora de compor. Com certeza falta arriscar um pouco mais na audácia de ser além de uma banda de Heavy Metal apenas, mas estão de parabéns! Recomendo!

Faixas:
01. Blitzkrieg
02. Last Days Of The Führer
03. Bear Versus Eagle
04. Congress Cellars
05. Warfare
06. Turn Of The TV
07. Plastic Flowers
08. Free Yourself
09. Limit
10. The Letter

Integrantes
.Dennis Lima – (Vocal)
.Dalton Castro – (Guitarra)
.Rodrigo Dantas – (Baixo)
.Maurico Velasco – (Bateria)

Nota 8.0

RESENHA: MAGICIAN – TALES OF THE MAGICIAN

Por: Danielle Feltrin

Ultimamente eu não tenho ouvido muito o gênero Power metal, estou mais na linha dos classicão, porém, me veio um CD deste estilo para fazer resenha e não hesitei em escrevê-lo. E confesso que este chamou minha atenção, e me fez resgatar o pouco que restava do meu gosto por esse estilo mais pesado, melódico, ousado e cheio de inovações.

Estou falando da banda MAGICIAN, brasileiríssima, com o álbum “Tales of the Magician”, gravado em Porto Alegre e mixado por Dirk Schlachter e Arne Lakenmacher, em Hamburgo na Alemanha. A banda existe desde 2000, e este último álbum foi lançado em meados de 2007, mas ainda é bastante repercutido pela mídia, com uma divulgação à tona e com lançamentos de clipe.

As feras que integram o grupo são Dan Rubin (vocais), Renato Osorio (guitarras), Cristiano Schmiff (guitarras), Elizandro Max (baixo) e Bocchi (bateria).

O CD começa com uma intro chamada “Let The Spell Begin”, com belos coros e guitarra pesada, mostrando desde já elementos progressivos. Em “Prime Evil”, segunda faixa, já mostra sua influência melódica, com solos pegajosos e um vocal bastante trabalhado. “Underworld Terror”, a faixa seguinte, traz seu riff característico, licks de guitarra e um refrão bem feito pelo vocalista, com vocais que grudam na cabeça.

Ao longo do álbum os solos de guitarra chamam muito a atenção. O uso de coros, refrões pegajosos e dueto de guitarras lembram muito bandas como Angra e Symphony X, que também mesclam bastante essa característica. Posso dizer que o MAGICIAN é uma mistura destas duas bandas; que usa vocais operísticos e os riffs de guitarra unindo-os com uma coesão admirável.

As músicas que se seguem, com esta mesma linha de avaliação são as “Sandstorm”, “Terminal Day”, “Dark Ritual (Hear Your Master)”, “Minstrel’s Domain” – esta música é a que tem um vídeo clipe, já disponível. A seguinte é a “Siege on Zelgian” (o trecho inicial desta música me lembrou muito o Angra, talvez pelas guitarras tocando ao mesmo tempo um solo, muito bom!), “Crossing the Last Gate” e por último a aparente balada “Let the Harmony Endure”, compara com as pesadíssimas músicas acima da lista.

O que percebi também de em comum entre as músicas é os timbres sombrios e celtas que aparecem em instrumentos clássicos durante as músicas, bastante interessantes. As músicas ficam com um ar mais pesado, misterioso, e eu gosto disso em músicas deste estilo, os corais ajudam muito a ir para esse lado “místico” de uma música.

Destaco o excelente trabalho de guitarras, com duelos e solos bastante convincentes, apoiados por uma cozinha coesa e impecável, dando todas as condições para que o vocalista Dan Rubin possa trabalhar muito bem, sem agudos desnecessários e com refrões empolgantes.

Recomendo para quem gosta de ouvir músicas do estilo, quem gosta de procurar por bandas novas e, principalmente, para quem apóia o metal brasileiro, que infelizmente no momento está precário (não que um dia o metal nacional estivesse no auge como as bandas européias), mas que isso nunca significou que o nosso metal é descartável ou inferior às demais. Parabéns à banda MAGICIAN, e tomara que um dia eles virem um “Angra” da vida, com muito sucesso pela frente, pois potencial e qualidade musical é o que não falta.

RESENHA: DARKEST SEED – THE SCARS THAT NEVER HEAL

Por: Danielle Feltrin

O grupo gaúcho Darkest Seed, formado em 2004, teve seu primeiro álbum de estúdio lançado em 2009 com o título “The Scars That Never Heal”, que é posterior ao EP “The Seed is Rising”, lançado em 2007. Integrado pelo trio Benhur Lima nos vocais e no baixo, César de Campos na bateria e Ricardo Reolon nas guitarras, o Darkest Seed ganhou um estilo com boas influências e além de tudo um trabalho profissional, já que é o seu primeiro álbum de estúdio.

Não dá para comparar com alguma outra banda específica, mas nota-se uma mistura de hard rock com pegada moderna e até mesmo melódica em algumas passagens, mostrando ser um trabalho diversificado e cheio de ideias musicais diferentes.

A música que abre o álbum, “End of Time” já mostra isso com uma levada de um rock moderno e melódico, mas ao mesmo tempo com riffs pesados e harmônicos. O vocal também merece destaque, com linhas bastante trabalhadas, sem exageros e combina perfeitamente com a sonoridade da música.

A segunda faixa do disco, “Down” já começa com um peso na guitarra com frases que dá para mexer o pescoço junto, com passagens bem hard rock. Novamente o vocal merece destaque pelo refrão pegajoso e com certos agudos dados na hora certa.

Na seqüência vem a “The Final Hour”, com uma levada de bateria combinada com os riffs pesados da guitarra e umas levadas com uma sonoridade moderna, parecendo ser uma composição forte tanto na musicalidade quanto na letra.

Na quarta faixa vem a “Lonely”, com passagens parecidas com a música anterior, com riffs bem trabalhados e novamente as passagens modernas de efeito da guitarra, em que também o vocalista mostra toda sua versatilidade e um potencial de voz incrível.

A esta altura do álbum o ouvinte já nota o bom trabalho que o trio proporcionou em suas composições, sabendo trabalhar bem as ideias sem fugir do estilo, mas ao mesmo tempo inovando e utilizando passagens bastante diversificadas, o que vemos pouco hoje em dia.

Em Silent Scream, mais uma vez temos um som de guitarra com efeitos modernos, em que o guitarrista também realiza uma boa combinação de sonoridade com as vocalizações de Benhur além de um comprido solo que não deixou a desejar, merecendo esta música um grande destaque no álbum.

Em L.I.F.E além das linhas vocais diferenciadas de Benhur o baixo também apareceu mais que as outras faixas, que juntamente como o baixo trazem um som interessante que empolga a música. Na música seguinte, “Soul Caged”, é destacada pela parte instrumental no início da música, além de uma combinação da bateria com o tempo da música muito bem encaixada, além dos backing vocals que merecem destaque, dão uma outra visão na música.

Na faixa The Darkest Seed possui um andamento mais rápido e animado com ótimas evoluções de guitarras, bateria e baixo, que deixam e marca esta oitava canção do trio como uma das melhores do CD. Na “Hopeles” aparece uma seqüência de riffs bastante pegajosos e harmônicos, com um vocal um pouco mais agressivo de Benhur.

Na última canção e faixa-título “The Scars That Never Heal” encerra o disco com muito peso e harmônicos que dão destaque na canção, além da elevação de vocais que a música sugere. Esta canção tem uma pegada mais heavy metal, sendo bem escolhida para fechar o álbum com os vocais agressivos e ao mesmo tempo melodiosas de Benhur.

Aí fica a dica para quem gosta de um Hard Rock, com misturas de guitarras modernas e passagens melódicas, e, principalmente, para quem apoia a cena do metal brasileiro. Esse é um álbum que dá vontade de ouvir mais de uma vez no mesmo dia, vale a pena conferir o som dos gaúchos.

01. End Of Time
02. Down
03. The Final Hour
04. Lonely
05. Silent Scream
06. L.I.F.E
07. Soul Caged
08. The Darkest Seed
09. Hopeless
10. The Scars That Never Heal

Nota: 8.5

RESENHA: GREENSLEVES – THE BLIND MEN AND THE ELEPHANT

Por: Danielle Feltrin

O grupo paranaense Greensleves lançou recentemente (2009) seu álbum chamado “The Elephant Truth”, tendo como tema central a lenda oriental retratada no poema “The Blind Men and The Elephant”, do poeta americano John Godfrey Saxe (1816 – 1887), que retrata a confusão mental de um homem quando está em coma, trabalhando os sentimentos, lembranças e desejos.

Os músicos que integram a banda são Gui Nogueira (vocal) Victor Schmidlin e Cícero Baggio (guitarras), Marlon Marquis (bateria) e João Koemer (baixo).

Ao ouvir as músicas deste álbum é claramente percebido as influências de Dream Theater, Angra, e até mesmo de Yngwie J. Malmsteen devido aos solos bem trabalhados e complexos. Essa influência progressiva e até mesmo melódica também pode ser observada até mesmo no assunto retratado no álbum, já que bandas desses estilos costumam produzir álbuns conceituais, ou seja, que contenham um único assunto abordado em todas as letras do CD.

O álbum possui 23 faixas, a primeira delas é uma pequena intro e na seguinte, “Parasites in Paradise”, já entra um solo virtuoso e pesado para abrir o álbum. Faixas como a “Not so Long”, “Exit”, “Touch of Wind”, e “Flood” destacam o CD pela percepção de versatilidade e ideias sonoras que os músicos compuseram para estas canções.

A nona faixa, “Out of Reality” apresenta uma série de passagens diversificadas tanto no vocal quanto no peso da guitarra e no tempo da música, típico do estilo que o progressivo proporciona para uma música.

A faixa 11 “Introspection” é uma canção curtíssima, um instrumental de pouco mais de 1 minuto, mas o piano e os voices dela me chamou bastante atenção, são efeitos que lembram filmes medievais, é bem interessante. Esta música é logo encaixada com a “Crisis”, muito bem trabalhada também, com o vocal bastante chamativo. Outra música interessante é a “The Blind Men and the Elephant”, que começa com uma boa cozinha entre o baixista João e o baterista Marlon, duelo que deu bastante destaque no álbum.

Destaque para os efeitos sonoros em algumas músicas que nos lembra a história que o álbum está retratando, como de vidro quebrando, sirene de policial, motores, gritos, etc. Outra ênfase também para a participação especial da vocalista Alirio Netto (Khallice) representando a voz da consciência do transtornado personagem principal.

O ponto negativo do álbum (que às vezes nem pode ser tão negativo assim para outros pontos de vista) é o número de canções e, pelo fato de algumas serem muito curtas faz com que torne algumas passagens parecidas ou até repetitivas entre uma música e outra. Eu particularmente não ouço esse estilo com freqüência e, e mesmo achando este álbum muito bom para o som que eles fazem essa questão pegou um pouco, mas aí depende de quem ouve.

No geral, vale a pena conferir o trabalho da banda, sem dúvidas, uma promessa para a cena do estilo progressivo brasileiro.

01. The Coward’s Refuge
02. Parasites in Paradise
03. Fight my Fear
04. Not so Long
05. Comeback to Myself
06. Exit
07. Touch of Wind
08. Out of Reality
09. Invisible Man
10. Time Should Be an Ally
11. Introspection
12. Crisis
13. Best Friends
14. The Blind Men and the Elephant
15. Blind by Choice
16. Recipes for the Greatest Lie
17. Engineers of the Day
18. Flood
19. Red Ocean
20. Passage
21. Epiphany
22. The Sentence
23. The Coward’s Refuse

Nota: 7.0

RESENHA: A SORROWFUL DREAM – TOWARD NOTHINGNESS

Por: Danielle Feltrin

Fundada em 1996 no sul do Brasil, a banda A Sorrowful Dream apresenta um som baseado na cena heavy metal européia, misturando peso e delicadeza por meio de orquestrações e vocais femininos, aliados às guitarras pesadas e vocais guturais. Pode-se dizer que o gênero desta banda é caracterizado pela influência dos estilos gothic/doom metal, além de elementos de death/black metal e experimentações com música clássica.

A formação da banda sempre contou com duas guitarras, baixo, bateria, teclado, vocais masculinos (graves, guturais e rasgados) e vocais femininos (natural e lírico), e, mais recentemente, também passou a contar com um violino, o que soma hoje sete músicos no grupo: Éder (voz), Josie (voz), Jô (guitarra), Lucas (guitarra/violino), Mari (teclados), Tuko (baixo) e o baterista convidado Mano.

Seu último álbum lançado, “Toward Nothingness”, apresenta uma série de efeitos sombrios e vocais femininos e guturais bastante trabalhados e diversificados, em que na maioria das faixas (senão todas) é feita sempre um dueto entre os vocais femininos e masculinos, dando a aparência gótica e death metal no estilo da banda.

Algumas músicas podem ser descatadas, como a “The River that Carries my Loss”, que começa com efeitos eletrônicos de guitarra e vocais guturais. Já na “The Bringer of Light” lembra música celta, baixo e vocal feminino bem trabalhado. A forma como a música termina também é interessante.

“Empire on Fire” merece destaque pelo piano bem trabalhado na introdução e o peso e agilidade que as guitarras se iniciam – algumas passagens guturais juntamente com os voices do teclado me lembram Craddle of Filth e Childrem of bodom. “Harpies (for the love of the god)” chama atenção através de solos de baixo e alguns sussurros em português.

Apesar de ser um estilo que remete a uma instrumentalização sombria, pesada, ao ouvir o álbum não nos traz aquela sensação tensa do que muitas bandas desse estilo sem querer acabam transmitindo pra quem ouve – ou pra quem não está acostumado a ouvir. Ademais, falta um pouquinho mais de diversificação entre uma música e outra, para tornar as ideias sonoras menos repetitivas.

Nota: 7.5

RESENHA: ANGRA – AQUA

Por: Letícia Okabayashi

No último dia 11, uma das bandas de maior influência no metal nacional, Angra, abriu as portas para alguns membros da imprensa à audição do novo trabalho, intitulado “Aqua” [que já foi lançado no Japão pela JVC/Victor e no Brasil pela Voice Music, dia 17].

Após 4 anos sem lançamentos, este álbum marca a nova formação e um novo clima entre os integrantes, com a volta do baterista da formação original, Ricardo Confessori. Todas as músicas são ligadas entre si, tendo como base a última peça escrita por Sheakespeare, nomeada “A Tempestade”, e nas palavras dos próprios músicos, é um álbum que explorou todas as qualidades de cada um e deu a eles um enorme aprendizado por terem sido seus próprios produtores.

Logo de cara, nota-se que o Angra voltou para mostrar o que sabe fazer de melhor. Com músicas profundas e bem executadas, mostrando o melhor de cada integrante, o disco é mais “contido” em questão de solos extravagantes ou bumbos em velocidade absurda, o que não compromete seu desenrolar. Segundo Rafael Bittencourt: “Este álbum, pode se encaixar entre o “Rebirth” e o “Temple of Shadows”, é um meio-termo, muito diferente do “Aurora Consurgens”, que é mais obscuro, mais down.”

A primeira faixa, sendo um prelúdio, que é de praxe em quase todos os CDs deles, nomeado “Viderum the Aquae”, tem um coro bem marcante, faz uma ponte com a “Arising Thunder” – música que primeiramente foi lançada no Myspace da banda e já vinha trazendo algumas impressões do que poderíamos aguardar deste trabalho. Pesada e bem compassada, explora já de início as qualidades dos músicos, com uma cozinha muito bem segmentada e duelos de guitarra – bem Angra.

Awake From Darkness vem como uma música pesada e diversificada, tendo as passagens gingadas, “abrasileiradas”, com influências progressivas e a parte melódica, notando-se, principalmente, a volta das técnicas vocais de Edu usadas no álbum “Rebirth”, e por parte instrumental, influências progressivas diferenciadas, caindo na parte melódica levada pelo teclado [indagando-se a questão se “alguém” poderá executar o instrumento no show ou se será playback]. No sentido contrário, a próxima, “Lease of Life” é uma linda balada, com base em piano, que é levada sutilmente tendo ênfase nos momentos finais da música, onde, propositalmente, foi inserido o refrão único e marcante, abrindo chance a ser uma das preferidas do público.

“The Rage of the Waters” vem muito gingada na introdução, ganhando forma quando a voz, desta vez grave, vem se encaixando, chegando a pontos bem agudos. O ponto alto da música [talvez, até do CD] é a parte puxada por Andreoli em sua exímia execução de um solo que segue abrasileirado, tendo uma ponte com solos de guitarras bem virtuosos. Essa música se encaixaria perfeitamente no meio do álbum Rebirth. “Spirit of the Air” começa com belos dedilhados de violão e se desenrola com vozes bem combinadas, do vocalista com os outros integrantes, voltando à sua essência calma do início, que explode novamente num refrão marcante [tanto na sonoridade, quanto na letra].

A pesada “Hollow” vem a ser a música mais dark deste trabalho, com influências thrash e em tempo bem quebrado. Com um refrão melódico, logo volta aos arranjos de violão, juntamente com as guitarras, numa excelente pegada de bateria de Ricardo Confessori, que sabe como “revestir” as músicas com batidas mais compassadas. A próxima, que começa parecendo uma balada, “Monster in Her Eyes”, não deixa de ser, por sua pegada mais calma nas partes instrumentais, tendo bastante arranjos em violão, e nas partes cantadas, o peso.

“Weakness of a Man” vem com os tradicionais “batuques” de músicas que conseguimos perceber na hora: É Angra. Com uma bela percussão, a música segue a linha melódica indo para um refrão com voz em tons bens altos, caindo nos solos seqüenciados Kiko-Rafael-Rafael-Kiko, aos fãs mais aplicados, sendo perceptível qual solo é de qual guitarrista, tendo em vista seus estilos diferentes que preenchem essa música, que tem suas batidas mais contidas, até o final.

Chegando à última música do CD, “Ashes”, que não está nem perto de passar despercebida, surpreende desde o início pela delicadeza com a qual é conduzida, em piano. Sem uma introdução longa, logo a voz entra e vai subindo a escala explodindo numa grande harmonia entre os instrumentos. Com belos acordes de piano, há uma voz feminina que dá o corpo a essa música, preenchida com peso de solos que arrebatam a música ao lindo refrão que com a mesma beleza que explode, se esvai, e termina nos belos toques do piano do início.

O CD, que contém 10 músicas escolhidas entre as 30 que compuseram, é mais direto, com músicas mais curtas do que em outros trabalhos, tendo em vista o que o público quer ouvir, e não “fritação” ou aquelas músicas de tantos minutos que chegam a ser chatas. Depois de tanto tempo, o Angra, sim, ainda está vivo, ainda é aquela banda que tem como base o melódico, mas faz bem, e muito bem feito, todas as vertentes que lhes são concedidas como excelentes músicos, dando aos fãs, acima de tudo, música de qualidade para se ouvir.