RESENHA: ANGRA – SECRET GARDEN

Por: Rodrigo Paulino

O som mecânico, cercado por uma atmosfera sinfônica enigmática, quebrado pelo peso das guitarras e bateria, e temos a voz inconfundível de Fabio Lione tomando conta da sinfonia com todo seu peso em Newborn Me, Angra ficou deveras mais sinfônico e mais power nessa nova fase, sabemos que Lione é referência em sua área e no seu estilo de canto, o refrão é algo maravilhoso que como costumo dizer, ele “explode na música” e causa um efeito maravilhoso, interessante a presença do teclado à lá os corais de Nightwish em Ghost Love Score na parte mais calma, no entanto, é tudo muito bonito e muito bem produzido, um estilo mais marcha militar com a bateria e um efeito legal da guitarra à lá estilo praiano e um violão muito bem tocado ao melhor estilo hispânico é muito bem encaixado antecedendo um solo muito bem executado e pesado, é de pirar. A progressão da música é fantástica é rítmica e muito bem produzida, voltamos ao refrão com toda a força, o teclado é maravilhoso em pequenos sons cristalinos seguido dos sustenidos da voz. Blackhearted Soul já carrega mais para o lado dos corais masculinos, com guitarras e baterias rápidas, a voz também segue esse estilo mais rápido, o teclado com seus efeitos cristalinos é notado, é uma musica sem duvida emblemática, rápida e cheia de pequenos detalhes, épica e empolgante. O solo dessa musica faz você se sentir numa queda livre, é incrível, no entanto já intercala em outro estilo que te leva às alturas de uma hora para a outra. Final Light tem um peso muito peculiar, apesar de ter um light no nome, ela soa muito obscura, com teclado rápido e um batuque muito interessante, pequenas notas soltas no decorrer na música, interessante quando o refrão chega, feche os olhos e sinta a voz de Lione te levar para a altura… Gosto desse efeito que a voz dele tem de brincar com essas sensações. O ritmo das guitarras permanece o mesmo, no entanto o batuque sempre é percebido, a bateria é muito presente na musica, os pratos estão gritando ali o tempo todo, mas não te deixa perceber, logo o solo que tem uma variação e uma progressão muito delicada, um riff que te arrepia, com um peso fenomenal antes da música voltar a progressão que te abraça e te levanta novamente no refrão.

Chegamos na música que tem clipe, Storm of Emotions, o tom da musica é muito positivo, posso dizer que a voz de Lione nessa musica inicia num tom tão suave, o baixo é muito nítido e a bateria é uma cereja muito bem posicionada nessa canção. No segundo refrão, a musica ganha um peso muito peculiar, até os violinos são notados, o fator surpresa é Rafael cantando essa canção, ele carrega uma impressão pessoal o que a torna muito emocionante, particularmente gostei muito da letra, da presença da bateria e teclado nela, o clipe é muito simples e vale a pena ser conferido, essa é outra música que possui aquele efeito explosão, ah! Preste a atenção no coral que se levanta, é muito lindo, é uma musica que termina da mesma forma que começa com pequenos toquinhos.

Violet sky já retorna com tons pesados, a guitarra apresentando tons rítmicos, é uma musica mais pesada, meio travadona no seu desenvolver, no entanto, é interessante de se ouvir, pela mudança nos tons da voz, a progressão dela é complexa, demorei a me acostumar com ela, mas depois que você entende a complexidade dela, você se acostuma, umas pequenas notas aqui e ali e então parece que o que amarrava música solta ela, e novamente o coral entra com uma guitarra fantástica, bateria a todo o vapor e em dado momento. Rafael também canta com grande dedicação essa canção. Então chegamos a faixa tema, algo inusitado, muito sinfônico, muito belo e delicado, esperamos por um dueto de Lione ou até mesmo de Rafael Bittencourt com Simone Simons, daí fomos surpreendidos: Simone Simons, a vocalista do Epica canta toda a música, Secret Garden seu tom é tão suave e doce, o refrão contem a guitarra em primeiro plano, enquanto no seu decorrer eles aparecem mais ao fundo, é uma musica que você fica impressionado pelo equilíbrio entre tudo, em dado momento, um piano segue apenas com a voz, um tom mais melancólico, no entanto, os instrumentos vão surgindo até que Simone e todo o resto explodem junto com todos os elementos numa mistura perfeita, você até esquece o que esperava com relação a duetos.

Upper Levels possui uma pegada mais agitada, as batucadas surgem novamente, algo mais clean até um dado momento em que o peso aparece com as guitarras meio que ao estilo de Violet Sky, ganhando um pouco de velocidade, o refrão dá uma desacelerada, e o vocal parece meio que conversar com você, logo tomando um tom mais rápido novamente. As pausas na parte cantada dão grande destaque a outros elementos que estão compondo a música. A canção em determinado momento fica apenas nas vozes e o tom do teclado, o que dá um efeito diferente e um tanto positivo na música, algo diferente, até entrar um solo gostoso de se ouvir e voltar ao baixo e a guitarra meio que despencar na musica, alçar voos, e novamente pegar a linha da canção novamente.

“Eu digo que a vida está fluindo muito além de suas veias
Muito além do tempo, muito para além do espaço
Algo que você pode sentir por dentro, mas nunca entender”

Crushing Room possui uma atmosfera de suspense, começando com teclados e depois sendo mais pesada, essa sim é um dueto com a belíssima e enérgica Doro Pesch, aplausos para essa mulher, por favor, ok. A voz rouca da dona moça nessa música é simplesmente muito perfeita, apesar de não cantar com toda a extensão vocal que sabemos que ela possui, mas forma algo muito bonito com a voz de Rafael, a musica parece que vai despencar, uma queda livre, no entanto, as batidas antes do refrão são muito fortes, cria uma expectativa muito grande para ouvir as vozes se unirem, ouvir Doro cantar ele com Rafael bem ao fundo, um solo muito doido, em um dado momento a musica ganha um tom de pedido, antes de volta ao refrão, é uma musica muito interessante, o álbum como um todo é muito bom, no entanto essa foi fantástica. Perfect Symetry possui guitarras muito rápidas, o teclado com aquele efeito que já citei, e Lione sendo Lione, hehehe, a bateria é rápida, engraçado que as coisas se tornam suaves na voz dele, mesmo que rápido, o refrão também é rápido, em dado momento uma orquestra torna tudo tão teatral e num tom dramático, que alterna com o peso de tudo, e então surge a guitarra do meio como uma tsunami, lentamente te leva para o alto, e aí tudo explode na voz, é uma canção muito interessante, e acaba rápido.

Chegamos a ultima faixa, lembrou tanto a última musica do novo álbum do Pink Floyd, o violão, as vozes de apoio, é uma musica muito bonita, pessoas emotivas serão levadas ao choro, ela possui notas de piano tão doces, e Lione praticamente te abraça com a voz, chega a parecer uma coisa meio de coral de igreja em alguns momentos, você pode esperar os caras cantarem ALELUIAH, mas isso não acontece. Silent Call, a voz de Rafael abre as asas e voa nos teclados estilo órgão, é muito bela a canção, possui toda uma energia, e fim de álbum com o órgão ecoando.

Sabemos que o Angra passou por um momento meio delicada com a mudança do vocalista da banda, ficou aquela coisa meio: Será que Lione vai levar algo do Rhapsody com ele? Vale atentar que a banda se saiu bem, diferente de muita coisa que eles fizeram antes e pode levar alguns ouvintes a reclamarem por saírem da zona de conforto e alguns até mesmo fazerem cara feia com relação a Simone cantar totalmente a música tema do álbum, eu não vi nada demais nesses elementos, é um álbum muito bem produzido, muito bem trabalhado, minunciosamente e estrategicamente trabalhado para ser mais específico. Vale muito a pena conferir esse trabalho, Rafael simplesmente arrasa, esbanja e mostra todo o potencial, que pudemos conferir em seu trabalho solo anteriormente, no entanto com grande destaque em Secret Garden.

Tracklist:
1.Newborn Me
2.Black Hearted Soul
3.Final Light
4.Storm Of Emotions
5.Violet Sky
6.Secret Garden
7.Upper Levels
8.Crushing Room
9.Perfect Symmetry
10.Silent Call

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