Por: Letícia Okabayashi
O quão fácil é resenhar o álbum novo de uma das minhas bandas preferidas? BEM fácil. Mas não é puxa-saquismo, não. Kontrust têm crescido e se mostrado cada vez mais no cenário e festivais europeus e o recém-lançado “Explositive”, seu quarto álbum de estúdio, tem sido muito bem criticado na mídia, principalmente na Áustria, país de origem da banda.
Estou um pouco atrasada com essa resenha por uma série de fatores, já que o cd foi lançado na Europa no último dia 7, pela Napalm Records, no mesmo dia em que tive o prazer de estar (na grade) no show de lançamento em Vienna.
Confesso que minhas expectativas quanto às músicas novas eram muito baixas, pois pela prévia que lançaram no youtube (https://www.youtube.com/watch?v=bA1vSHU0v9A) elas me pareceram muito óbvias ou simplesmente bobas. Mas não se engane, caro leitor. Ouvir parte de músicas de uma banda como essa pode te confundir, mas ao conferir uma música inteira você pode ficar atônito com tamanha diversidade em apenas alguns minutos! Aqui lhe escreve uma pessoa que na semana do show dizia que iria “pra ver as músicas antigas, já que não curtiu as novas” mas que no show em si ficou de queixo caído as assistindo e depois ouviu Explositive 30 vezes em uma semana. É sério.
Logo quando a faixa de abertura “Dance” começa, vem aquela vibe incontrolável de querer dançar e bater cabeça, com as guitarras super pesadas de Mike e a percussão precisa de Manuel quando o peso cessa. Agata e Stefan fazem seus duetos e duelos mostrando o quanto têm evoluído com o passar dos anos e são ótimos vocalistas versáteis e podendo mudar e usar suas vozes em maneiras tão diferentes como nós pobres mortais mudamos de humor/roupa.
Kontrust sendo Kontrust, cria como sempre refrões grudentos como em “Why”, “Shut Up” , “I Freak On” (que mais soa como “Africano êô”) e “Bulldozer”, esta sendo uma música bem inesperada. Como o álbum anterior, “Second Hand Wonderland”, há músicas com letras muito boas e provocativas (além das que não fazem sentido algum), notei uma característica feminista nas faixas auto-explicativas “Cosmic Girls”, “Ladies” e “This is my Show” falando de mulheres que não se mostram como sexo frágil e isso claramente me botou um sorriso no rosto. “Vienna” vem forte como um hino à capital austríaca e (eu sou suspeita pra falar) realmente nos faz associar a cidade linda à dramática faixa. “Just Propaganda”, primeiro single deste cd, faz uma crítica fortíssima ao mundo moderno, mostrada também em seu vídeo oficial (https://www.youtube.com/watch?v=mIegk9Ukx4k&list=PLaC8CxNGPvtFtTRoqzHbVI02iuwHIKcwZa).
É notória a grande influência de hard rock e metal que esse álbum tem, mas não deixando de lado todas as peripécias que caracterizam a banda misturando elementos de reggae, música eletrônica, ritmos latinos e folclóricos da antiga Europa. Apesar de bem pesado, este álbum não soa tão “sujo” quanto os anteriores e é possível ouvir todos os instrumentos nitidamente durante todas as músicas. Até mesmo o baixo, que normalmente é o instrumento mais “escondido” num álbum, se sobressai e mostra o talento de Gregor, principalmente na poderosa “Play!” e “Bad Time”, junto com a bateria executada por Roman. A música que menos me chamou atenção foi “Lucky Bastard”, a última do cd, me soando um pouco exagerada.
Em resumo: um destes cds que a gente coloca no repeat e nem vê o tempo passar pois é tão genial e diversificado que fica difícil se desprender. Uma dessas bandas que tem uma fórmula mágica pra não se repetir, e alcançou neste álbum, sem dúvidas. É uma banda fora dos padrões tradicionais e é difícil de descrever, mesmo sendo rotulada como “crossover”, então fatalmente as pessoas amam ou odeiam o estilo livre de Kontrust, que não é pra qualquer um e muito menos se você é um headbanger 666 from hell!
Tracklist:
1. Dance
2. Why
3. Just Propaganda
4. I Freak On
5. Shut Up
6. Cosmic Girls
7. Vienna
8. Bulldozer
9. Play!
10. This is My Show
11. Bad Time
12. Lucky Bastard
Comentários