Monsters of Rock 2025: Três Décadas de História Celebradas com Energia e Emoção em São Paulo

Texto: Thiago Tavares
Fotos: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

O Allianz Parque, em São Paulo, foi o epicentro de uma celebração histórica no dia 19 de abril de 2025: os 30 anos do Monsters of Rock no Brasil. Desde sua estreia em 1994, o festival se tornou um verdadeiro marco na trajetória dos headbangers brasileiros, reunindo lendas do rock e do heavy metal em momentos que ecoam até hoje na memória coletiva dos fãs.

A edição comemorativa foi, em todos os aspectos, à altura dessa trajetória. O Allianz se reafirmou como o local perfeito para eventos desta magnitude, proporcionando excelente acústica em praticamente todos os setores e conforto ao público, mesmo diante da expectativa de fortes chuvas, que felizmente se resumiram a breves pancadas no fim da noite, trazendo mais alívio que transtornos.

Desde o início da manhã, era visível a disposição e a paixão do público, que se espalhava pelas arquibancadas e pista para assistir a todas as atrações. Com pontualidade exemplar entre os shows e uma estrutura sólida em áreas como alimentação, banheiros e atendimento médico, o festival ofereceu uma experiência fluida, segura e confortável.

O ambiente era de festa, mas também de reverência. O Monsters of Rock 2025 foi mais do que um festival: foi uma verdadeira ode ao poder atemporal do rock, unindo gerações sob o mesmo grito de liberdade e emoção.

São Paulo, 19/04/2025 – Monsters of Rock 30 anos. Crédito: Ricardo Matsukawa

Stratovarius foi o responsável por dar o pontapé inicial no palco principal, sob o forte sol do meio-dia. Mesmo enfrentando as altas temperaturas, o público compareceu em peso, ansioso para celebrar desde os primeiros acordes. Timo Kotipelto, sempre carismático, conduziu a apresentação com energia contagiante, enquanto Matias Kupiainen despejava riffs pesados e melodias exuberantes. O ápice veio com “Hunting High and Low”, que provocou um mar de vozes ecoando em uníssono — um daqueles momentos que fazem a alma vibrar. O sol a pino parecia perder força diante da entrega da banda e da reação emocionada dos fãs.

São Paulo, 19/04/2025 – Monsters of Rock 30 anos. Crédito: Ricardo Matsukawa

Logo em seguida, Opeth subiu ao palco para uma apresentação que navegou por mares turbulentos entre o death metal e o rock progressivo. Mikael Åkerfeldt, sempre espirituoso e sarcástico, cativou a plateia entre as músicas com seu humor peculiar. A primeira explosão do público veio com “Master’s Apprentices”, que abriu rodas de mosh pit pela primeira vez no festival. Mas foi com “Ghost of Perdition” que a apresentação atingiu seu ápice: o peso descomunal aliado a uma execução impecável eletrizou o Allianz, trazendo uma energia intensa e visceral. Mesmo os que estranharam o estilo multifacetado da banda pareciam, naquele instante, hipnotizados.

São Paulo, 19/04/2025 – Monsters of Rock 30 anos. Crédito: Ricardo Matsukawa

A apresentação do Queensrÿche foi simplesmente arrebatadora. Todd La Torre demonstrou, ao vivo, porque é considerado um dos maiores vocalistas da atualidade. Já na abertura com “Queen of the Reich”, a explosão foi imediata — muitos fãs, visivelmente emocionados, não conseguiram conter lágrimas. Um dos momentos mais impressionantes foi “Eyes of a Stranger”, com La Torre atingindo notas altíssimas sem esforço, levando o público ao delírio. Ver velhos fãs, que carregavam camisetas surradas da era “Empire”, cantando de olhos fechados, foi um retrato fiel do impacto que a apresentação causou.

São Paulo, 19/04/2025 – Monsters of Rock 30 anos. Crédito: Ricardo Matsukawa

O Savatage protagonizou uma das performances mais emocionantes do dia. Mesmo sem Jon Oliva presencialmente, sua aparição em vídeo durante “Believe” arrancou lágrimas da plateia. A homenagem a Criss Oliva foi outro ponto de arrepiar: enquanto as imagens do saudoso guitarrista eram exibidas no telão, uma garoa fina começou a cair, como se o céu também homenageasse aquele momento sagrado. A execução de “Hall of the Mountain King” foi um dos ápices da noite, com o Allianz vibrando em uníssono, coroando o retorno triunfal de uma banda que parecia ter sido arrancada diretamente dos anos 90 para aquele momento mágico.

São Paulo, 19/04/2025 – Monsters of Rock 30 anos. Crédito: Ricardo Matsukawa

Com o Europe, a surpresa foi total. A banda sueca mostrou peso e vigor inesperados, conquistando rapidamente até os mais céticos. Durante “The Final Countdown”, o Allianz inteiro — absolutamente inteiro — pulava e cantava como se não houvesse amanhã. A execução precisa de Joey Tempest, a guitarra visceral de John Norum e a performance intensa de todo o grupo tornaram o show um dos momentos mais vibrantes e festivos do festival. O trecho de “No Woman, No Cry” embutido em “Superstitious” criou uma conexão calorosa e inesperada, arrancando sorrisos até dos mais sisudos headbangers.

São Paulo, 19/04/2025 – Monsters of Rock 30 anos. Crédito: Ricardo Matsukawa

O Judas Priest entregou, como sempre, um espetáculo monumental. A introdução de “Panic Attack” já foi o suficiente para inflamar a multidão, mas foi durante “Painkiller” que o Allianz se transformou num verdadeiro campo de batalha metálico, com uma sequência de rodas, pulos e gritos de celebração. Rob Halford, mesmo com limitações de idade, comandava a plateia como um verdadeiro sumo-sacerdote do metal. A homenagem a Glenn Tipton durante “Victim of Changes” foi um momento de pura emoção, com muitos fãs erguendo os braços em respeito e reverência a um dos maiores nomes da história do metal.

São Paulo, 19/04/2025 – Monsters of Rock 30 anos. Crédito: Ricardo Matsukawa

Para fechar a noite, o Scorpions brindou os fãs com uma verdadeira celebração de seus 60 anos de carreira. A abertura com “Coming Home”, com sua introdução lenta, criou uma atmosfera de nostalgia imediata. Mas foi em “Wind of Change” que o Allianz viveu um dos momentos mais comoventes: milhares de celulares iluminando a noite, vozes se unindo em coro, lágrimas e abraços entre amigos e desconhecidos. No bis, “Rock You Like a Hurricane” trouxe uma catarse coletiva, encerrando o festival com o que parecia ser uma explosão de alegria e agradecimento ao legado inquebrantável do rock.

São Paulo, 19/04/2025 – Monsters of Rock 30 anos. Crédito: Ricardo Matsukawa

O Monsters of Rock 2025 foi mais do que uma comemoração de três décadas de história: foi um testemunho da força imortal do rock e do heavy metal. Em tempos de música descartável e mudanças vertiginosas na indústria, presenciar a devoção de milhares de pessoas reunidas em torno de um ideal musical é uma experiência que transcende gerações e fronteiras.

Cada acorde, cada refrão, cada gesto no palco e na plateia foi uma reafirmação da importância dessa cultura que moldou identidades, desafiou padrões e ofereceu refúgio a tantos. O Monsters não foi apenas um festival: foi um ritual, uma reunião de almas irmãs celebrando uma paixão que, mesmo após 30 anos, continua viva, pulsante e necessária.

Em meio às luzes, aos riffs poderosos e às lágrimas de emoção, ficou a certeza: enquanto houver quem ame de verdade o som das guitarras distorcidas, dos vocais rasgados e das letras que falam direto ao coração, o rock nunca morrerá.

São Paulo, 19/04/2025 – Monsters of Rock 30 anos. Crédito: Ricardo Matsukawa

Que venham os próximos 30 anos. E que, em cada edição, a chama siga acesa, inspirando novas gerações a carregar o estandarte da liberdade, da paixão e da eternidade que só a música é capaz de proporcionar.

Em nome do Ponto Zero, agradecemos a Mercury Concerts e a Catto Comunicação por nos darem a oportunidade de fazer a cobertura deste mega festival de respeito para os headbangers.

Comments are closed.

Post Navigation