Por: Rodrigo Paulino
Shudder before the beautiful abre o álbum com o biólogo Richard Dawkins citando um trecho de um poema, dando inicio a uma orquestra poderosa e rápida com corais. Floor entra suave, com um coral acompanhando ela e as notas começam a se desenvolver com a mesma suavidade, quando entra no pré-refrão, ela se solta e no refrão ela se solta mais um pouco, junto com Marco. Os arranjos e as vozes deles se completam de uma forma tão bela que formam uma só, logo temos os destaques para o teclado, seguido de uma guitarra que lembram as musicas mais antigas da banda, então volta a orquestra para o palco e a bateria forte, como presente em todo o Imaginaerum, violinos chorões, uma coisa bem teatral. Entra um coral que fará alguns ficarem arrepiados, e no final você ouve um destaque vocal. Dando entrada para os instrumentos de sopro pesados. Então tudo para e voltamos para o pré-refrão, gostei disso, pois cria toda uma atmosfera, uma moção apenas a voz e a musica ao fundo baixa, então as vozes ganham mais destaque nas ultimas vezes que cantam esse refrão, assim como Last Ride crescia com o decorrer da musica, essa também cresce com a união de vozes, o final tem um sustenido e firulas, digna de uma abertura de CD com a orquestra e tudo mais. Um adendo, na última segunda feira, a Nuclear Blast disponibilizou de forma totalmente gratuita o download dessa musica pelo link: http://goo.gl/zddu9z
http://www.hs.fi/mainos/advertoriaali/nightwish/
(Imprensa finlandesa fez divulgação de Shudder)
Weak Fantasy começa bem pesada intercalado orquestração, e guitarras que te levam a sensação de queda livre, com os corais que lembram algo em The Siren e então tudo para, Floor parece audaz, essa musica tem uma pegada mais moderna, a batida dela ´muito contagiante, os corais ao fundo lembram algo gregoriano, muito baixo, então no refrão a musica simplesmente cresce, os tons das vozes firmes mas alterados, eles cantam juntos mas ao mesmo tempo parece que um adianto da voz do Marco existe. Volta ao ritimo normal, o interessante são as paradas e as voltas que a musica dá, o refrão é muito interessante, é uma musica rápida. Em certo ponto ela fica no violão celta, com os corais de teclado, e lentamente os elementos como a bateria vem aparecendo, então os corais crescem, e um tom dramático graças aos vilionos levantam a voz do Marco, parece um grande lamento, a musica desacelera, mas o violino está lá, a Floor solo, faz diminuir a canção, e ao mesmo tempo ela explode dando as caras para o refrão muito mais potente, com todos os elementos presentes, a agressividade, os corais, cada coisa alternando sua aparição e terminando de forma teatral.
Élan… eis a canção que causou mais controvérsias do que os palpites de quem havia matado Odete Roitman na novela Vale-Tudo. Eu particularmente gostei, mas trocaria ela por Sagan presente como bônus no single Élan. Élan é a palavra francesa que designa o zelo ou o impulso, grandes chances de ter se inspirado no livro “A Evolução Criadora”, de Henry Berfson, usado para explicar a força por trás da evolução.
Yours is na empty hope tem um inicio similar, porem mais leve que a primeira faixa, sua introdução faz você imaginar o inferno, de alguma forma, então temos o peso, lembrando um pouco o peso de Planet Hell, da época do álbum Once. Ela se desenvolve apenas na guitarra e bateria, com momentos de orquestra nos ápices, momentos de Floor com coral cantando em tom mais baixo, é uma musica rápida. No pré refrão Marco canta, e no refrão temos um leve gutural acompanhando Marco, sim, gutural de Floor. Voltando aos versos da musica, temos Floor deixando a voz mais rouca, acompanhado de coral novamente. Lembrando que nesse álbum, uma tendência é cada vez que esteja mais próximo do final, o refrão vai ficando mais forte. Temos um instrumental, muito bem elaborado, também teatral, dando origem aos corais em canto de sereia, ou por se tratar de uma canção inspirada na obra de Dante, O Inferno, o rio das almas, esses corais seguem de violinos, então os corais parecem inflamar com o retorno de Floor gritando rouco, voltando a algo similar ao que já vimos em Once, uma onda mais progressiva, e os dueto de vozes leva a um ápice que leva novamente ao refrão. ATENÇÃO: o refrão é grudento. O Marco dá umas risadinhas, e o final tiram o instrumental, e você ouve as vozes puramente no que são.
Our decades on the sun, o inicio dela lembra a musica do álbum do Tio Patinhas que o Tuomas compôs, é suave com pianos e coral leve. Floor a executa com tamanha delicadeza e maestria, chega a emocionar. Entrada suave da bateria com alguns acordes da guitarra e o teclado são maestrais. O tema da musica é uma citação do próprio Dawkins. Num dado momento a guitarra e o violino ficam em evidência, dando espaço para Floor se soltar mais um pouco. A musica sofre uma acelerada. Tuomas certa vez falou que essa musica tem tudo a ver com os pais. Em uma pausa repentina, as flautas de Troy aparecem, e parece que a musica volta ao inicio, a suavidez. Então ela flui apenas com orquestra e violão, facilmente imagino Floor com um vestidão prateado cantando essa parte, Marco tem uma contribuição com firulas vocais nela. Comentando com amigos, essa musica tem cara de trilha sonora de filme, e quando você pensa que ela acabou, acordes de guitarra aparecem com a flauta e firulas vocais da Floor; em alguns instantes a bateria volta com a flauta, e então ela parece que vai seguir em frente, a melodia é muito envolvente mas ela acaba suave.
My Walden é uma das minhas favoritas, começa com uma pegada tão folk, tão características apenas as vozes com uma orquestração leve, e então ela revive aquela sensação de I want my tears back. A suavidade na voz da Floor e presente também, é uma musica mais cadenciada, mas quando o refrão chega, ela engata, ela carrega uma coisa tão positiva e gostosa, que te faz pensar ser um gnomo ou um leprechaun dançando no meio da floresta. Possivelmente é inspirado num livroescrito por Henry David Thoureau, que viveu dois anos numa cabano num lago na floresta, trata da vida na natureza. Interessante que a musica volta apenas nos vocais e do nada ela explode em um instrumental totalmente folk com violão celta intercalado de teclado, uma coisa que chega a lembrar o country, o celta, o medieval… É uma canção forte e termina com um alto tom da Floor.
Endless Forms Most Beautiful, ela tem uma pegada tão moderninha que voltei para ter certeza do que eu estava ouvindo, o inicio com firulas e instrumental, para começar definitivamente com a orquestra e a guitarra, no entanto, o teclado é mais presente, e Floor canta rápido, essa musica tem um ritmo frenético, o refrão se desenvolve de forma tão gostosa, é uma musica fácil de se digerir. Logo ela volta ao peso de inicio e Floor acelera novamente a parte que cabe ao instrumental é muito interessante, o solo com coral nessa musica é simplesmente celestial, lembrando a época do Century Child, uma coisa máxima é a presença do piano nem pequeno trecho, antes de parecer que ela vai acabar, e então ela volta com tudo para o refrão, é algo bonito de se ouvir, o final dela é repentino e gracioso.
Edema Ruh é suave em seu inicio e cristalino e ele se desenvolve com as guitarras mantendo o cristalino, Floor entra novamente num tom bem suave e cadenciado, o baixo presente guia a musica, o refrão dessa musica é muito gostoso e melódico, um dueto muito bem composto, parece que todos da banda cantam juntos de tão suave e ao mesmo tempo marcante. Edema Ruh se baseia na saga “Crônica do Assassino do Rei”, são descritos como músicos e artistas que viajam pelo mundo oferecendo suas habilidades em troca da hospitalidade, gaita de foles pode ser ouvido, muitos efeitos juntos com guitarra bem forte rápida. Voltamos com gaita de foles e piano em grande harmonia, logo temos todos cantando de maneira tão graciosa que você deseja que a musica termine dessa forma, mas ela volta ao refrão, essa chega a emocionar, é uma composição de presença, ela é suave e vale lembrar do cristalino. E sim, temos Floor com guitarras e gaita de foles soltos no final terminando com bateria.
Alpenglow foi uma surpresa para mim, imaginei algo como uma balada, mas ela é agitadinha, começa com violinos e piano, mas ela chega em ápice com a guitarra é bem compassada, os instrumentos ficam em um plano mais distante, no entanto Floor parece enlouquecer em dado momento, e desacelera do nada, entrando no refrão. Essa coisa de agitar e diminuir do nada ficou muito legal, a musica após ao refrão volta suave, no entanto novamente, guitarra agressiva com Floor agressiva e…. ao fundo Marco canta We were here (isso vai ganhar mais sentido na última música)…. entrando no refrão agitadinho, a presença de bateria é formidável, o solo meio que abafado com sustenidos dá lugar a flauta e parecem que elas brigam pelo lugar na musica. Tudo para e Floor entra como se separasse as silabas suavemente, o refrão é cantado sem quase nada de instrumentos, e então a progressão começa e a coisa pega fogo. O refrão forte com as vozes d Floor e Marco juntas e com tudo junto, acaba sendo um grande deleite, o final dessa musica é de presença.
The Eyes of Sharbat Gula, é um instrumental bem progressivo, começa apenas com uma batida, logo o piano ganha vida e presença com a batida, outros instrumentos vão ganhando a sua presença, o tom da musica vai mudando também. As flautas de Troy junto com a orquestração ganha seu momento, dando uma pegada folk, com firulas vocais bem suaves. Sharbat Gula foi destaque na capa da revista National Geographic, usando o sári e revelando um olhar profundo, conhecida mundialmente como a “Menina afegã”. Ah sim! Nessa musica é usado um coral infantil. Essa musica me colocou a pensar na guerra que acontece no oriente médio e tudo aquilo que crianças e mulheres como Sharbat passam com o objetivo de terem o mínimo para sobreviver, as dificuldades que enfrentam diariamente. Acaba sendo mais uma musica para reflexão, inteiramente instrumental e muito forte.
Finalmente chegamos a The greatest show on the Earth, começa com um piano melódico, porém imponente, não demonstra fragilidade, o celo também contribui para esse clima, junto com violinos, a musica se baseia numa frase de Richar Dawkins, e possui 24 minutos. A musica mantem uma calma com uma melodia misteriosa ao som de piano, violino e violoncelo até que ela explode, os instrumentos parecem remeter a explosões (similar àquela parte no refrão de Song Of Myself, progressiva em que apenas o coral canta): coisas da natureza, como trovões, como meteoros e o coral com piano tranquilizam a cena, a flauta segue a melodia de forma harmoniosa e graciosa, até surgirem novas explosões com instrumentos mais pesados, parece um bombardeio. E depois de um silencio, volta com o mesmo clima tocado, entrando com firulas da Floor, cantando como se fosse colocar alguém para dormir, lembrando o coral de sereia já citados dando inicio à musica, uma parte de gaita de foles segue e é deslumbrante o coral que se abre, como se os céus se abrissem sobre sua cabeça, logo a gaita de foles entra, com toques leves, e Dawkins começa a recitar trechos de sua obra, faz o coração dar uma tremidinha, a musica cresce num ritimo muito rápido, com todos os elementos já citados, de forma parcer uma grande cavalgada. Então os violinos aparecem dando a um vocal mais brutal, da Floor, sua voz soa de forma diferente de tudo que q você pode ter ouvido dela, é meio falada essa parte e a instrumentação é bem pesada, ela recita as leis físicas que estão presentes no mundo, então como se fosse uma trilha sonora ela se solta na musica de forma natural, o refrão é poderoso, ela se solta muito nela junto com Marco, essa musica me fez pensar no show. Voltamos na parte meio que falada da musica, dando um clima estranho mas interessante. Voltamos ao estilo cavalgado da composição, é muito gostoso ouvir eles cantarem. Uma desacelerada parece dar a paz e ao mesmo tempo a musica cresce novamente e é cortada por um momento de apenas batidas e leves corais ao fundo, que vão surgindo e crescendo com a orquestra, e cada hora um som se destaca dos instrumentos e animais são ouvidos, macacos e rugidos invadem a cena e é estranho a principio, com uma melodia tão misteriosa, chega a arrepiar e então voltamos a um ritmo parecido com Endless Forms, e Marco canta de forma rápida, intercalando com Floor e terminam cantando juntos, repetindo a dose novamente. Os violinos estão fantásticos nessa parte, Floor mostra grande potência nessa parte. A musica se solta novamente as vozes deles viram um só, novamente a musica baixa, e por alguns momentos sons tribais, mudanças para a flauta, passando por musicas da realeza e finalmente um tanto de Can can é ouvido e cortado por algo que parece ser um disparo de arma, logo a musica explode novamente (me passou todas as eras chegando até a Guerra), voltando a um ápice de vozes, é algo magistral essa orquestração, e todas as vozes se unem para cantar em uníssono: We were heeeeere…. E tudo para novamente, como as tempestades, um tempo remoto… Levemente o piano é tocado de forma suave, a flauta ganha presença de forma tímida, graciosa, piano e flauta “conversam” entre si, e tudo vai ganhando sua presença, bem como a orquestra, a bateria e Dawkins volta a recitar, com direito a tons de sinos, trombetas sopram e Dawkins continua falando, a orquestra que se faz super presente nesse momento domina a cena, chega a parecer algo que te faz lembrar de cada detalhe da capa, e você passa a refletir em toda a vida presente no mundo, e vê que é tudo belo, montanhas, animais, o sol, o universo e nosso planeta, uma canção suave surge nos 3 minutos finais da musica, tão suave que quase imperceptível, como se o vento te levasse, e Dawkins volta a falar mais um pouco e termina o álbum com som do mar, baleias pulando, golfinhos a canção regida pela natureza.
Bom, conheço a banda desde 1997. Desse tempo para cá a banda mudou um bocado, passou por transformações, tanto internas como externas, bem como seus fãs também. Esse álbum é uma cola de tudo o que eles já fizeram, se ouvir com atenção, existem partes que se parecem, elementos de um álbum que compõem esse novo álbum: uma guitarra aqui que lembra Oceanborn, um teclado que lembra Century Child, um coral que parece tal musica, guitarras ao estilo The Kinslayer e assim por diante, bem como também encontrará coisas que você jamais ouviu ou imaginou ouvir num cd do Nightwish, a introdução da musica tema mesmo me surpreendeu muito, Edema Ruh e Alpenglow me pegaram desprevenido. Esse álbum pela reação de alguns nas redes sociais parece dividir muitas opiniões, tudo o que é novo assusta na primeira vez, vi algumas pessoas que apostaram na agressividade da Floor e se decepcionaram, outros que amaram Élan e odiaram Sagan, bem como vice-versa, ainda tem muita gente tentando definir se gostou ou não do álbum, enfim, ao ouvir o álbum, ouça-o com a mente aberta, entregue-se. Como disse na minha página pessoal no Facebook, Endless não é o melhor, mas também não é o pior álbum da historia da banda, foi criada uma expectativa muito grande da união Floor e Nightwish e infelizmente o ser humano tem a tendência de criar expectativas, agora cabe ao ser humano também saber lidar com a satisfação e a insatisfação decorrente dessa expectativa. Cada elemento colocado nesse álbum, desde a musicalidade, elementos, partes das letras, Dawkins e até mesmo os sons colocados nela, fazem parte de um todo, as músicas conversam entre si. E tudo me leva a pensar em como serão executadas ao vivo com toda a energia presença da Floor. Particularmente, gostei muito do álbum, mudaria algo nele? Sim, mudaria, mas estou contente com a proposta da banda.
Confira clicando aqui, a resenha do vídeo clipe de “Élan”.
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