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RESENHA: A SORROWFUL DREAM – TOWARD NOTHINGNESS

Por: Danielle Feltrin

Fundada em 1996 no sul do Brasil, a banda A Sorrowful Dream apresenta um som baseado na cena heavy metal européia, misturando peso e delicadeza por meio de orquestrações e vocais femininos, aliados às guitarras pesadas e vocais guturais. Pode-se dizer que o gênero desta banda é caracterizado pela influência dos estilos gothic/doom metal, além de elementos de death/black metal e experimentações com música clássica.

A formação da banda sempre contou com duas guitarras, baixo, bateria, teclado, vocais masculinos (graves, guturais e rasgados) e vocais femininos (natural e lírico), e, mais recentemente, também passou a contar com um violino, o que soma hoje sete músicos no grupo: Éder (voz), Josie (voz), Jô (guitarra), Lucas (guitarra/violino), Mari (teclados), Tuko (baixo) e o baterista convidado Mano.

Seu último álbum lançado, “Toward Nothingness”, apresenta uma série de efeitos sombrios e vocais femininos e guturais bastante trabalhados e diversificados, em que na maioria das faixas (senão todas) é feita sempre um dueto entre os vocais femininos e masculinos, dando a aparência gótica e death metal no estilo da banda.

Algumas músicas podem ser descatadas, como a “The River that Carries my Loss”, que começa com efeitos eletrônicos de guitarra e vocais guturais. Já na “The Bringer of Light” lembra música celta, baixo e vocal feminino bem trabalhado. A forma como a música termina também é interessante.

“Empire on Fire” merece destaque pelo piano bem trabalhado na introdução e o peso e agilidade que as guitarras se iniciam – algumas passagens guturais juntamente com os voices do teclado me lembram Craddle of Filth e Childrem of bodom. “Harpies (for the love of the god)” chama atenção através de solos de baixo e alguns sussurros em português.

Apesar de ser um estilo que remete a uma instrumentalização sombria, pesada, ao ouvir o álbum não nos traz aquela sensação tensa do que muitas bandas desse estilo sem querer acabam transmitindo pra quem ouve – ou pra quem não está acostumado a ouvir. Ademais, falta um pouquinho mais de diversificação entre uma música e outra, para tornar as ideias sonoras menos repetitivas.

Nota: 7.5

RESENHA: ANGRA – AQUA

Por: Letícia Okabayashi

No último dia 11, uma das bandas de maior influência no metal nacional, Angra, abriu as portas para alguns membros da imprensa à audição do novo trabalho, intitulado “Aqua” [que já foi lançado no Japão pela JVC/Victor e no Brasil pela Voice Music, dia 17].

Após 4 anos sem lançamentos, este álbum marca a nova formação e um novo clima entre os integrantes, com a volta do baterista da formação original, Ricardo Confessori. Todas as músicas são ligadas entre si, tendo como base a última peça escrita por Sheakespeare, nomeada “A Tempestade”, e nas palavras dos próprios músicos, é um álbum que explorou todas as qualidades de cada um e deu a eles um enorme aprendizado por terem sido seus próprios produtores.

Logo de cara, nota-se que o Angra voltou para mostrar o que sabe fazer de melhor. Com músicas profundas e bem executadas, mostrando o melhor de cada integrante, o disco é mais “contido” em questão de solos extravagantes ou bumbos em velocidade absurda, o que não compromete seu desenrolar. Segundo Rafael Bittencourt: “Este álbum, pode se encaixar entre o “Rebirth” e o “Temple of Shadows”, é um meio-termo, muito diferente do “Aurora Consurgens”, que é mais obscuro, mais down.”

A primeira faixa, sendo um prelúdio, que é de praxe em quase todos os CDs deles, nomeado “Viderum the Aquae”, tem um coro bem marcante, faz uma ponte com a “Arising Thunder” – música que primeiramente foi lançada no Myspace da banda e já vinha trazendo algumas impressões do que poderíamos aguardar deste trabalho. Pesada e bem compassada, explora já de início as qualidades dos músicos, com uma cozinha muito bem segmentada e duelos de guitarra – bem Angra.

Awake From Darkness vem como uma música pesada e diversificada, tendo as passagens gingadas, “abrasileiradas”, com influências progressivas e a parte melódica, notando-se, principalmente, a volta das técnicas vocais de Edu usadas no álbum “Rebirth”, e por parte instrumental, influências progressivas diferenciadas, caindo na parte melódica levada pelo teclado [indagando-se a questão se “alguém” poderá executar o instrumento no show ou se será playback]. No sentido contrário, a próxima, “Lease of Life” é uma linda balada, com base em piano, que é levada sutilmente tendo ênfase nos momentos finais da música, onde, propositalmente, foi inserido o refrão único e marcante, abrindo chance a ser uma das preferidas do público.

“The Rage of the Waters” vem muito gingada na introdução, ganhando forma quando a voz, desta vez grave, vem se encaixando, chegando a pontos bem agudos. O ponto alto da música [talvez, até do CD] é a parte puxada por Andreoli em sua exímia execução de um solo que segue abrasileirado, tendo uma ponte com solos de guitarras bem virtuosos. Essa música se encaixaria perfeitamente no meio do álbum Rebirth. “Spirit of the Air” começa com belos dedilhados de violão e se desenrola com vozes bem combinadas, do vocalista com os outros integrantes, voltando à sua essência calma do início, que explode novamente num refrão marcante [tanto na sonoridade, quanto na letra].

A pesada “Hollow” vem a ser a música mais dark deste trabalho, com influências thrash e em tempo bem quebrado. Com um refrão melódico, logo volta aos arranjos de violão, juntamente com as guitarras, numa excelente pegada de bateria de Ricardo Confessori, que sabe como “revestir” as músicas com batidas mais compassadas. A próxima, que começa parecendo uma balada, “Monster in Her Eyes”, não deixa de ser, por sua pegada mais calma nas partes instrumentais, tendo bastante arranjos em violão, e nas partes cantadas, o peso.

“Weakness of a Man” vem com os tradicionais “batuques” de músicas que conseguimos perceber na hora: É Angra. Com uma bela percussão, a música segue a linha melódica indo para um refrão com voz em tons bens altos, caindo nos solos seqüenciados Kiko-Rafael-Rafael-Kiko, aos fãs mais aplicados, sendo perceptível qual solo é de qual guitarrista, tendo em vista seus estilos diferentes que preenchem essa música, que tem suas batidas mais contidas, até o final.

Chegando à última música do CD, “Ashes”, que não está nem perto de passar despercebida, surpreende desde o início pela delicadeza com a qual é conduzida, em piano. Sem uma introdução longa, logo a voz entra e vai subindo a escala explodindo numa grande harmonia entre os instrumentos. Com belos acordes de piano, há uma voz feminina que dá o corpo a essa música, preenchida com peso de solos que arrebatam a música ao lindo refrão que com a mesma beleza que explode, se esvai, e termina nos belos toques do piano do início.

O CD, que contém 10 músicas escolhidas entre as 30 que compuseram, é mais direto, com músicas mais curtas do que em outros trabalhos, tendo em vista o que o público quer ouvir, e não “fritação” ou aquelas músicas de tantos minutos que chegam a ser chatas. Depois de tanto tempo, o Angra, sim, ainda está vivo, ainda é aquela banda que tem como base o melódico, mas faz bem, e muito bem feito, todas as vertentes que lhes são concedidas como excelentes músicos, dando aos fãs, acima de tudo, música de qualidade para se ouvir.