KNOTFEST DESEMBARCA EM SÃO PAULO COM SHOWS ARREBATADORES NO ANHEMBI

Por Thiago Tavares

No último dia 18 de Dezembro, o Sambódromo do Anhembi foi tomado por um público diferente do habitual, onde geralmente no mês de fevereiro é tomado pelos amantes e admiradores do samba e do carnaval. Desta vez, o espaço foi tomado literalmente pelos headbangers de todo o país, no qual o espaço sediou a edição brasileira do Knotfest – festival esse realizado pelos integrantes do Slipknot.

Além dos anfitriões da festa, o festival contou com as participações de grandes nomes do rock e do heavy metal nacional e internacional: Pantera, Judas Priest, Bring Me The Horizon, Mr. Bungle, Vended e Trivium. O cenário brasileiro foi representado pelas bandas Sepultura, Project46, Oitão, Jimmy & Rats e Black Pantera.

Um pouco da história do Knotfest

O festival surgiu em 2012 em Iowa, nos Estados Unidos. Devido a repercussão e o sucesso da primeira edição, o Slipknot resolveu espalhar o evento para o mundo, com edições em São Bernardino, Tóquio e Cidade do México.

Dentre as edições passadas já participaram bandas de peso como Deftones, Megadeth, Avenged Sevenfold, entre outras.

A experiência sob o contexto geral do festival

Já dentro do sambódromo, não há algo a reclamar acerca da organização do festival. Ao longo da passarela do samba, tomada pelos amantes do rock e do heavy metal não podiam reclamar da alimentação: uma variedade para atender todo mundo, com opções de food trucks e bares, caso a pessoa estivesse enjoada da cerveja. Cabe salientar e elogiar o trabalho de limpeza, onde a cada encerramento do show, prontamente entraram em ação para retirar dezenas e dezenas de copos espalhados pelo chão, tendo como destinação a reciclagem.

O ponto negativo a ser feito trata-se da organização para a entrada do público ao festival. Por mais que a data coincidisse com a final da Copa do Mundo entre Argentina e França, era perceptível que um percentual considerável da galera não quis perder por nada a partida, visto a disputa que rendeu até o apito final. Por mais que a organização colocou um telão à disposição das pessoas, muita gente entrou após a disputa de pênaltis. O resultado disso foi a falta de funcionários para agilizar o processo de conferência dos ingressos e a falta de organização da fila fora do sambódromo, onde havia uma fila para que todos pudessem entrar, atrasando assim a experiência da galera em curtir as primeiras atrações.

Knotfest Museum

O público também pode conferir uma atração secundária do festival. O Knotfest Museum, que sem dúvidas foi o local mais disputado, onde havia relatos de pessoas que passaram mais de uma hora na fila para adentrar ao espaço. A curiosidade falava mais alto e não era pra tanto.

O espaço contava com itens do Slipknot como macacões, máscaras, flyers publicitários, premiações como discos de platina, o Grammy que ganharam em 2005 como melhor performance em “Before I Forget”, o contrabaixo do falecido Paul Gray, entre outros itens.Havia também duas experiências interativas: a primeira era um acionador de explosivos que remete ao clipe “The Devil And I” e a possibilidade de tocar a guitarra de um dos integrantes enquanto ouve seu som através de fones de ouvido.

Sepultura

O Sepultura começou sua participação com aquela ignorância de sempre com “Isolation” do último álbum Quadra emendando com a clássica “Refuse/Resist” e com a também mais recente “Means to an End”

Foto: Knotfest/Divulgação

A banda apostou também, pela primeira vez ao vivo, em replicar faixas do projeto que lançaram durante a pandemia. Intitulado de “SepulQuarta” derivado de uma série de lives com participações especiais, o primeiro convidado a subir ao palco foi o guitarrista do Anthrax, Scott Ian. Executando “Cut-Throat” realizou sua apresentação de forma satisfatória, agradando o público presente.

Foto: Knotfest/Divulgação

O set seguiu com clássicos da banda como “Dead Embryonic Cells” “Agony of Defeat” e “Propaganda”. Continuando com as jams do “SepulQuarta”, Matt Heafy frontman do Trivium aparece no palco para tocar e cantar “Slave New World”, no qual aparentava estar lisonjeado em dividir o palco.

Foto: Knotfest/Divulgação

Em seguida, Phil Anselmo divide o palco para “cantar” “Arise”. Coloco o verbo cantar entre aspas pois foi o que menos ele fez, onde ele priorizou cochichar no ouvido do baterista Paulo Xisto e soltar alguns gritos no refrão. Chegando ao final da apresentação, não poderia faltar os clássicos “Ratamahatta” e “Roots Bloody Roots” do album “Roots”.

SETLIST SEPULTURA – KNOTFEST – 18 DE DEZEMBRO DE 2022

Isolation

Refuse/Resist

Means to an End

Cut-Throat (com Scott Ian)

Dead Embryonic Cells

Agony of Defeat

Slave New World (com Matt Heafy)

Arise (com Phil Anselmo)

Ratamahatta

Roots Bloody Roots


Mr. Bungle

Em primeira mão, o público brasileiro pode conferir o show do Mr. Bungle, banda essa que traz somente Mike Patton (Faith No More), o guitarrista Scott Ian (Anthrax) e o baterista Dave Lombardo (ex-Slayer) na formação. Além de faixas autorais “Bungle Grind”,“Raping Your Mind” e “Anarchy Up Your Anus”, o set iniciou com “Won’t Be My Neighbor”, cover do comediante americano Fred Rodgers.

Foto: Knotfest/Divulgação

Algo que era perceptível por parte do Mike era a aleatoriedade perante suas vestimentas. Uma hora ele estava com um sombreiro, outra hora estava com adornos de guias de Exu, um distintivo de polícia no pescoço e provocações pontuais a seleção francesa perante a derrota na final, mais em específico quando cantou “Glutton for Punishment”

Foto: Knotfest/Divulgação

Quem presenciou o show da banda pode ver um mix de comedy rock, porradaria e muito mosh pit com a junção inesperada de dois gigantes do trash metal.

Foto: Knotfest/Divulgação

SETLIST – MR BUNGLE – KNOTFEST – 18 DE DEZEMBRO DE 2022

Won’t You Be My Neighbor (cover de Fred Rogers)

Anarchy Up Your Anus

Raping Your Mind

Bungle Grind

Eracist

Spreading the Thighs of Death

Glutton for Punishment

Hell Awaits (Slayer) e Summer Breeze (cover de Seals & Crofts)

Hypocrites

Speak English or Die (cover de S.O.D.)

World Up My Ass (cover de Circle Jerks)

Sudden Death

Gracias a la vida (cover de Violeta Parra)

Territory (cover de Sepultura com Andreas Kisser e Derrick Green)

Pantera

O Pantera subiu ao palco pontualmente as 17h com Phil Anselmo comandando a participação perante ao festival. Na ocasião, o mesmo era o único integrante do grupo a participar, onde o baixista Rex Brown precisou ser afastado após ser testado positivo para a Covid-19.

Foto: Knotfest/Divulgação

Com Derek Engemann (baixo), Zakk Wylde (guitarra) e Charlie Benante (bateria) a apresentação deles foi bem além do esperado pelo público e também algo que já foi apresentado na última quinta-feira, dia 15, onde o grupo priorizou os álbuns “Vulgar Display of Power” (1992) e “Far Beyond Driven” (1994) onde colocou a prova a voz de Anselmo, que continua em dia.

Foto: Knotfest/Divulgação

Ao iniciar os trabalhos com “A New Level” e “Mouth for War” o público veio abaixo com ações de pirotecnia vinculada a sonoridade. Alguns fãs também foram aos prantos com a gravação de “Cemetery Gates” em memória dos irmãos Dimebag e Vinnie Paul.

Foto: Knotfest/Divulgação

Em “Walk” foi o ápice do show, onde o público veio junto com Anselmo com o refrão sendo entoado com força. E em “Cowboys from Hell” dedicou novamente aos irmãos Paul nominalmente: “é por vocês, Vinnie e Dime”

Ao finalizar os trabalhos, cantarolou um trecho de “Stairway to Heaven” deixando cair o microfone no chão.

Foto: Knotfest/Divulgação

O Pantera não ficou devendo na apresentação de domingo e sem dúvidas foi o segundo maior público do festival, perdendo para os anfitriões da festa.

SETLIST – PANTERA – KNOTFEST – 18 DE DEZEMBRO DE 2022

A New Level

Mouth for War

Strength Beyond Strength

Becoming (com trecho de Throes of Rejection)

I’m Broken (com trecho de By Demons Be Driven)

5 Minutes Alone

This Love

Yesterday Don’t Mean Shit

Fucking Hostile

Gravação de trecho de Cemetery Gates com vídeo em tributo a Dimebag e Vinnie

Planet Caravan (cover de Black Sabbath, com mais vídeo em tributo a Dimebag e Vinnie)

Walk

Domination / Hollow

Cowboys From Hell


Bring Me the Horizon

Formado em 2004, a banda britânica de Sheffield que já passou pelo Deathcore, Metalcore e hoje passeia pelo Rock Eletrônico e no Pop-Rock, o Bring Me the Horizon chegou ao palco marcando presença e surpreendo a pessoa que vos escreve, até então não havia visto uma apresentação ao vivo deles.

Foto: Knotfest/Divulgação

De início, Oliver Sykes e os demais integrantes surgem e iniciam os trabalhos com “Can You Feel My Heart?” com corações em neon e a reprodução da letra estilo karaokê nos telões.

Pode-se dizer que o vocalista possui metade de sua nacionalidade brasileira e resolveu colocar em prática isso. Primeiramente o mesmo é casado com a brasileira Alissa Salis e mora em Taubaté, interior de São Paulo, logo começou a arranhar alguns discursos e expressões típicas dos brasileiros. Em determinado momento, disse que estava com saudades dos fãs brasileiros. Em “That’s Spirit” o frontman da banda pediu um circlepit e afim de provocar a galera mencionou em bom tom que o pit estava “muito zoado” e que deveria fazer “mais grande”.

Foto: Knotfest/Divulgação

“Teardrops”, “Mantra”, “Dear Diary” e “Parasite Eve” foram as demais faixas que deram sequência com mais efeitos nos telões. Oliver continuava a praticar seu português com a galera como por exemplo “vocês são loucos” e “vocês estão pirando na batatinha”.

Uma vez que a banda realizou uma avant premiere na última sexta (16) a única modificação do set foi a execução de “Sleepwalking” no festival, onde no dia 16 deu lugar a “Antivist” que teve participação de Pablo Vittar.

Foto: Knotfest/Divulgação

Chegando a reta final do show, ao executar “Throne” Sykes pediu ao público sentar e levantar mediante ordem dele, algo que já havia acontecido no show do Vibra, mas dadas as devida proporções de público. 

SETLIST – BRING THE HORIZION – KNOTFEST – 18 DE DEZEMBRO DE 2022

Can You Feel My Heart

Happy Song

Teardrops

Mantra

Dear Diary

Parasite Eve

sTraNgeRs

Shadow Moses

DiE4u

Sleepwalking

Drown

Obey

Throne

Judas Priest

A noite foi caindo no Anhembi e o Judas Priest assumiu o headliner do Carnival Stage com grandes expectativas do público. Após a gravação de “War Pigs” (Black Sabbath), a galera fica em alerta para o que vem a seguir. Enquanto uma narração soa sob os alto falantes, o tridente que simboliza a eternidade começa a subir de forma lenta até acender. É a senha que o espetáculo iria começar com “Electric Eye”.

Foto: Knotfest/Divulgação

O set apresentado foi praticamente o mesmo apresentado na última quinta-feira (14) no Vibra, com domínio de faixas do álbum “British Steel” (1980)” e “Screaming for Vengeance” (1982) mas houve também algo que passasse por “Painkiller” (1990) e “Firepower” (2018) e demais trabalhos. Novamente, Rob Halford impressionou a galera, onde aos 71 anos mostrou técnica e versatilidade.

Foto: Knotfest/Divulgação

Foi perceptível somente um problema técnico que foi com o baixo de Ian Hill em “Turbo Love” que estava bem alto que o normal, mas tudo se resolveu na música seguinte.

Foto: Knotfest/Divulgação

Outro momento de destaque trata-se uma homenagem a Gleen Tipton, onde o mesmo está afastado da banda desde 2018 para se tratar do mal de Parkinson e substituído por Andy Sneap. Imagens do guitarrista foram exibidas durante a execução de “Painkiller”.

SETLIST – KNOTFEST – JUDAS PRIEST – 18 DE DEZEMBRO DE 2022

Electric Eye

Riding on the Wind

You’ve Got Another Thing Comin’

Jawbreaker

Firepower

Devil’s Child

Turbo Lover

Steeler

Between the Hammer and the Anvil

Metal Gods

The Green Manalishi

Screaming for Vengeance

Painkiller

Bis:

Hell Bent for Leather

Breaking the Law

Living After Midnight

Slipknot

Já passava das 21h onde os donos da festa se apresentaram para dar o encerramento da primeira edição do Knotfest no Brasil.

Foto: Knotfest/Divulgação

Corey Taylor (voz), Mick Thomson (guitarra), Jim Root (guitarra), Sid Wilson (DJ), Alessandro Venturella (baixo), Shawn “Clown” Crahan (percussão), Craig Jones (pickups), Jay Weinberg (bateria) e Michael “Tortilla Man” (percussão) adentram ao palco quebrando tudo com “Disasterpiece”, do clássico álbum “Iowa”. Em seguida, sem deixar o público desanimar veio o hit “Wait and Bleed”.

Foto: Knotfest/Divulgação

Mais adiante, Taylor interage com a galera: “Como vocês estão se sentindo, meus amigos? Eu estou muito feliz por estar aqui novamente”. Em seguida, para dar um ar de pirotecnia no show, veio “All Out Life”.

Ao executar “Before I Forget”, Taylor volta a interagir com o público: “É uma honra poder voltar a São Paulo. Agora, vocês estão no meu show. Vocês sabem o que isso significa? Que agora vocês são meus!”. Com muitos moshpits feitos e muitos efeitos pirotécnicos a essa altura do campeonato, Taylor questiona o público se “os filhos da p#t@” tinham ouvido o último disco, “The End, So Far”. Foi a senha da próxima música a ser executada: “The Dying Song”.

Foto: Knotfest/Divulgação

Ao encerrar uma parte do show, que relativamente mesclava uma música nova, com uma outra não tão recente assim, Corey questionou o público sobre quantos já tinham assistido Slipknot e quantos assistiam a banda pela primeira vez (que era meu caso). Diante da resposta, ele replicou que “Não importa se nos acompanham há 20 anos ou há 20 minutos, todos vocês fazem parte da família. Porém, nossa família tem um código, vocês sabem qual é?”. Era novamente a senha para introduzir “The Heretic Anthem”, com seu refrão icônico: “If you’re 555, then I’m 666”.

Foto: Knotfest/Divulgação

Em “Psychosocial” os percussionistas vem a frente do palco, ao ganharem a mesma visibilidade que Corey. Já em “Duality” trouxe a percussão tradicional da batida no tambor de metal com tocha de fogo. Partindo para a parte final do show sob a promessa de voltarem no tempo, o grupo tocou “Spit it Out”, faixa do trabalho de estreia.

Para encerrar, uma dobradinha das antigas: “People = Shit” e “Surfacing”. Ao final da última música, o público foi agraciado com fogos de artifício, posicionados no alto e no fundo do palco enquanto era executado “‘Til We Die”.

Foto: Knotfest/Divulgação

A apresentação do Slipknot foi sensacional. O grupo soube fazer um espetáculo no qual conseguiu passar por diversas fases da banda, priorizando músicas dos primeiros álbuns mas também mesclando com músicas de trabalhos recentes. A atuação de Corey Taylor foi fora do comum, no qual traz o público junto com ele nas apresentações, fora a produção do show, que alinhada com a tecnologia, traz uma experiência sensacional.

SETLIST – KNOTFEST – SLIPKNOT – 18 DE DEZEMBRO DE 2022

Disasterpiece

Wait and Bleed

All Out Life

Sulfur

Before I Forget

The Dying Song (Time to Sing)

Dead Memories

Unsainted

The Heretic Anthem

Psychosocial

Duality

Custer

Spit It Out

Bis:

People = Shit

Surfacing

Em nome do Ponto Zero, agradecemos a Midiorama pela concessão do credenciamento para a cobertura do festival.

Comments are closed.

Post Navigation