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Barulho, livro pioneiro do rock no Brasil, ganhará edição de luxo e ampliada

Campanha de financiamento coletivo do relançamento da obra clássica do jornalista André Barcinski fica no ar de 1º de março a 30 de abril

O clássico livro Barulho, com textos e fotos de André Barcinski, vencedor do Prêmio Jabuti de 1993 na categoria “Reportagem” e que revelou ao Brasil o Nirvana e a cena “grunge” de Seattle e trouxe entrevistas com Ramones, The Cramps, Red Hot Chili Peppers, Ministry, Jello Biafra e outros, será enfim relançado em edição de luxo e ampliado. Terá 60 fotos inéditas (L7, GG Allin, Soundgarden, Alice in Chains, Flaming Lips, YoLa Tengo, Hole, Black Sabbath, Body Count e muito mais), 70 páginas a mais, com novo prefácio escrito por Marcelo D2, entre outras novidades.

A reedição de Barulho, considerado livro pioneiro de rock no Brasil e que atravessou três décadas com um vigor único, é um lançamento independente, realizado pelo autor, e a partir de 1º de março já pode ser adquirido por meio de uma campanha de financiamento coletivo. A campanha fica no ar até 30 de abril.

Garanta sua cópia de Barulho – 30 anos aqui: apoia.se/barulho30anos.

Barulho – 30 anos tem formato grande (27 por 23 centímetros) em capa dura e papel couchê com quatro cores, 200 páginas (70 páginas a mais que o original), uma inédita segunda parte com 60 fotos nunca publicadas, além do já citado prefácio escrito por Marcelo D2 (Planet Hemp).

As recompensas ao participar do financiamento coletivo de Barulho – 30 anos são: receber em casa o livro com dedicatória personalizada, autografada pelo autor e com nome impresso na lista de agradecimentos do livro, quatro fotos 25 x 19 centímetros em papel fotográfico (Nirvana, Ramones, The Cramps e Alice in Chains) e dois meses de assinatura do site de jornalismo cultural www.andrebarcinski.com.br.

“Acho que dei muita sorte ao fazer o ‘Barulho'”, diz André Barcinski. “Dei sorte de estar nos Estados Unidos no fim de 1991, exatamente na época em que o Nirvana começava a estourar e num período em que grandes discos eram lançados toda semana. Era outra época, em que o acesso aos artistas era muito mais fácil, e o rock alternativo estava no auge”.

Barulho, um livro pioneiro

Em 1992, o jornalista André Barcinski lançou “Barulho – Uma Viagem Pelo Underground do Rock Americano”, relato de uma viagem aos Estados Unidos, realizada entre setembro e novembro de 1991.

Barcinski visitou cinco cidades – São Francisco, Los Angeles, Nova York, Chicago e Seattle – entrevistando bandas importantes em cada uma delas.

Em São Francisco, falou com Jello Biafra, ex-líder do grupo Dead Kennedys e um ícone do movimento punk, e entrevistou a banda The Cramps, liderada pelo casal Poison Ivy e Lux Interior.

Em Los Angeles, o grupo Red Hot Chili Peppers, que acabava de lançar o celebrado álbum “BloodSugar Sex Magik”, convidou o autor para ver o último ensaio antes da turnê.

Em Nova York, Barcinski visitou o amigo Joey Ramone, acompanhou shows dos Ramones e explorou a cena hardcore de bandas como Agnostic Front, Rest in Pieces, Sheer Terror, Lunachicks, Murphy’s Law e Sick of it All.

Em Chicago, visitou o duo Ministry, que gravava o famoso single “Jesus Built My Hot Rod”.

E em Seattle, viu de perto a explosão da cena “grunge”, presenciando o show histórico do Nirvana no Teatro Paramount, e entrevistou outras bandas fundamentais daquela cena, como Mudhoney e TAD.

Barulho, 30 anos depois

Nos últimos anos, “Barulho” havia se tornado item de colecionador. O livro estava fora de catálogo há mais de duas décadas e vendido por quantias exorbitantes na Internet.

Barcinski decidiu relançar o livro, mas em versão de luxo e ampliada. Assim, todos os negativos e slides da edição original foram limpos e escaneados, resultando em imagens com nitidez, cores e contraste impecáveis.

Além disso, a nova edição conta com uma segunda parte, “Mais Barulho”, que traz cerca de 60 fotos inéditas de Alice in Chains, ArrestedDevelopment, Babes in Toyland, Black Sabbath, Body Count, Brian Setzer Orchestra, Buddy Guy, The Damned, Eugenius, Eurythmics, Fishbone, Flaming Lips, Front 242, G.G. Allin, Hole, IggyPop, Jesus Lizard, Jethro Tull, L7, Legião Urbana, Moby, Motorhead, Rage Against the Machine, Rancid, Raul Seixas e Paulo Coelho, Soulfly, Soundgarden, Steve Albini, Teenage Fanclub, Terence Trent D’Arby e Yo La Tengo.

André Barcinski, o autor

André Barcinski é autor, jornalista, roteirista e diretor de TV. É crítico de cinema e música. Escreveu oito livros, incluindo “Barulho” (1992), vencedor do prêmio Jabuti de melhor reportagem. Acaba de entregar um livro sobre o cantor Nelson Ned, que sairá em 2023 pela Cia. das Letras.

É criador e roteirista da série “O Rei da TV” (Star+), sobre Silvio Santos. Dirigiu a série documental “História Secreta do Pop Brasileiro” (2019), na Amazon Prime, e escreveu a série dramática “Hit Parade” (2021), no Canal Brasil.

Dirigiu o documentário “Maldito” (2001), sobre o cineasta José Mojica Marins, vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Sundance (EUA) e do Prêmio do Público do Festival É Tudo Verdade (São Paulo). O filme foi exibido em cerca de 15festivais internacionais – Chicago, Melbourne, Seul, Paris, Buenos Aires e Nova York – e em TVs de cerca de 20 países.

Roteirizou a série de TV “Zé do Caixão” (2015), do canal Space, e dirigiu inúmeros programas de TV, como “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”, “Eletrogordo” (com João Gordo) e “Nasi Noite Adentro”, do Canal Brasil.

Foi coapresentador do programa de rádio “Garagem”, vencedor do Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) em 2009.

Mais informações

www.instagram.com/andrebarcinski

https://www.andrebarcinski.com.br

Jello Biafra sobre o poster censurado e a turnê do falso Dead Kennedys no Brasil

Estou em choque. Estou deprimido. E antes de mais nada, como foi que eles deixaram tudo isso acontecer? Essa é mais uma das razões (e existem muitas) do porque eu não querer mais tocar com esses caras, independente de quantos milhões de dólares sejam oferecidos. A banda acabou em 1986.

Eu adorei a arte do poster e achei a ideia SENSACIONAL. Me sinto honrado sempre que posso usar algo tão maravilhoso (feito com seriedade!) para algum dos meus projetos. Se algum dia eu conseguir uma cópia desse poster, eu quero enquadrá-lo e pendurar na minha sala ou no escritório da Alternative Tentacles.

Mas qual é o grande problema? De todas as grandes artes políticas e anti-fascistas usadas para promover o Dead Kennedys ao longo dos anos, esta é a primeira vez que eu tomo conhecimento desses caras serem contra um poster político. Por que este? E por que agora?

Valentões fascistas realmente ameaçaram a banda e disseram que haveria violência caso os shows acontecessem? Eles ameaçaram o promotor e as casas de show? Ou alguém ficou preocupado com o fato dos apoiadores do Bolsonaro não comprarem camisetas suficiente da banda nos shows?

Em um post de Facebook recém apagado, foi dito que eles não devolveriam o dinheiro dos ingressos aos fãs. Ao invés disso, comunicaram que iriam doar os valores recebidos como adiantamento para a “caridade” ($42.000 DÓLARES AMERICANOS!) O promotor acaba de me dizer que ele recebeu o dinheiro de volta e agora os fãs que compraram os ingressos serão reembolsados! IHAAAA!

Se as ameaças de violência contra fãs inocentes foram realmente verídicas, bem, isso muda as coisas.

Eu tenho certeza que meus antigos companheiros de banda se lembram do terrível episódio de violência que ocorreu quando o verdadeiro Dead Kennedys tocou em Leicester, Inglaterra, em 1982. Os verdadeiros fascistas da Inglaterra [algo como uma Ku Klux Klan do país na época] se juntaram a alguns roadies do The Exploited e atacaram o show. Eu tive de me esquivar deles, no melhor estilo Muhammad Ali, por quase toda nossa apresentação enquanto eles subiam no palco e tentavam me acertar. O Dave do MDC acabou indo para o hospital com a cabeça rachada.

Nós também nunca conseguimos esquecer dos ataques pré-planejados pela polícia em diversos outros shows, onde policiais completamente descontrolados giravam seus cassetetes acertando a todos [incluindo o Peligro] DENTRO das casas de shows. E eu não estou falando somente da Polícia de Los Angeles.

Mas, “…A banda sente que não tem conhecimento suficiente para falar sobre assuntos políticos de outros países.”?? Vocês estão tirando com a minha cara?!?!? Essa banda já esteve no Brasil 2 ou 3 vezes! O que eles tem a dizer então sobre “Holiday in Cambodia”? E sobre “Bleed For Me”, cuja letra eu escrevi  para as vítimas das guerras sujas da América Latina? Eles tem ciência sobre as capas dos discos da banda? Alguma vez na vida eles leram minhas letras nos encartes dos discos?

Como é possível que eles não tenham noção do que acontece no resto do mundo? Todos nós estamos conectados atualmente. O East Bay Ray não é uma pessoa burra. Eu imagino, pela forma como o texto foi escrito, que ele mesmo escreveu a declaração anti-poster do Brasil. E eu não sei se ele mostrou o texto para os outros caras da banda antes de postar.


Ray é uma pessoa muito bem educada, sempre se interessou por leitura e é o único membro original do Dead Kennedys que possui formação acadêmica. Me lembro dele como uma pessoa culta, sempre lendo artigos interessantes e aprofundados da revista The New Yorker. A recente edição do dia 1 de Abril trouxe um artigo bastante assustador expondo Bolsonaro e seu movimento. Mas mesmo antes disso, eu tenho 99% de certeza que o Ray sabia muito bem quem é o Bolsonaro – e o que ele representa.

Por que eu sei disso? Porque a maioria dos americanos sabem, até mesmo aqueles que têm metade do cérebro funcionando. Eu não posso falar pelos apoiadores idiotas do Trump.

Sim nós estamos preocupados com o Brasil. Porque nós nos importamos com o Brasil. E porque nós nos preocupamos com o mundo.

Nós tememos pela situação dos brasileiros. Tememos pela Amazônia. Tememos pelas tribos indígenas que poderão ser massacradas. Nós não queremos que mais nenhum inocente morra como aconteceu com a Marielle Franco. Sim, a notícia de seu assassinato chegou até os noticiários americanos.

E, meus caros amigos, nós admiramos e respeitamos muito cada um que tenha a coragem de se posicionar contra o Bolsonaro e seus apoiadores fascistas metidos a valentões.

Minha banda, The Guantanamo School of Medicine, não poderá ir ao Brasil por algum tempo. Estamos gravando no momento e existem assuntos internos que precisam de nossa atenção agora.

Mas saibam que vocês estão em nossos corações.

Vocês não foram esquecidos.

Vocês não estão sozinhos.

FODA-SE O FASCISMO

Jello Biafra