Por: Rodrigo Paulino
Traumatic Scenes tem como conceito, o filme O Invisível de 2006, um thriller sobrenatural, onde um bem sucedido autor é brutalmente atacado, dado como morto e preso entre duas realidades, a dos mortos e a dos vivos onde ele completamente invisível e a única chance dele sobreviver é descobrindo quem fez isso com ele e o motivo.
O trabalho da banda não é descrever o filme nas suas faixas, mas sim os diferentes estágios da psique humana e o parapsicológico, constantemente presentes no filme.
O álbum abre com a faixa “Marks of Time”, um poema recitado com ecos, criando sua mente para o ambiente em que se passa o álbum, dando entrada para a progressiva e poderosa “Dark Journey” é uma música que engata a primeira marcha e se desenvolve de forma interessante, é como se você estivesse meio perdido, numa busca. Uma coisa que chama muito a atenção é que você consegue definir a presença de cada um dos instrumentos presentes na canção, desde os tamborins até o tímido teclado. Confesso que gostei muito dessa faixa e sua estrutura, a bateria muito presente como é de costume das bandas do gênero e mesmo assim é uma pitada muito boa e em momentos que entra em segundo plano, ela é muito bem notada.
“Rising Form the Ashes” é outra faixa bem rápida, mas porém você nota que o vocalista pega firme, a presença de corais, com hiatos de instrumentos nos quais apenas a voz ganha evidência. A letra é bem interessante, remete à cena do filme na qual a personagem descobre o que aconteceu a si mesmo e recebe a condição de fugir da morte. Nessa música você pode fechar os olhos e se deixar levar pelo solo que cresce e fica muito bonito. “Fury and Rage” é uma faixa com mais peso, é uma música por assim dizer, mais pé no freio, porém bem carregada, cria um ar que faz jus ao título. Nas letras temos uma dica a quem se refere essa letra no conceito: “A brainwash to commit the crimes for them”.
“Visions from the other side” uma viagem quase que astral, é uma canção que mistura o calmo com o agressivo, o gutural que existe como segundo plano é magnífico e no refrão com o coral fica magnífico, e fica um bom tempo grudado na mente da gente. O baixo e a guitarra tem um destaque muito interessante nessa faixa. Também ganha destaque o teclado fazendo quase que o encerramento da canção. “Burning My Soul” é uma faixa progressiva, só que mais puxada para o trash, é algo bem violento, com um gutural de Victor Prospero bem puxado, alternado para o vocal limpo porém emocionalmente carregado, conduzindo até o refrão com um dueto muito bem elaborado, possui um dos melhores solos do álbum, o teclado ao estilo daqueles filmes de terror antigos é contagiante e a sensação de estar num thriller é praticamente impossível.
Depois de uma canção tão pesada, abrem-se os caminhos para um violão, e o barulho de vidro se quebrando e uma nota de destoa… Porém “Memories” abre um leque de sentimentos, a mistura da voz rouca e ao mesmo tempo suave do vocalista com o violão são um ponto alto, entra então a bateria, e logo você ouve a banda toda, com coral, com teclado, com guitarra…. Simplesmente uma balada surpreendente, com um solo que se encaixou perfeitamente com o contexto musical, é uma das canções mais belas do álbum, no filme se encaixa como as lembranças e ambições que o personagem tem nesse estado, e ver tudo o que ele pode perder se não retornar à vida.
Uma moda que está pegando em bandas ultimamente é o uso do sintetizador para criar uns efeitos legais, temos isso em “Before The End”, é uma faixa muito bem elaborada e complexa, tem a presença dosada de um coral, te leva à uma mente perturbada, talvez seja de um personagem no filme que é amigo do rapaz morto. É interessante que o solo dessa música passa do tudo ao nada de forma muito rápida.
“Nightmare” volta ao estilo rápido e progressivo, outra musica que retrata uma mente desiquilibra e confusa, com medo, é muito interessante o desenrolar da canção, ela possui um riffs bem interessantes e a presença da bateria, principalmente dos pratos não passam despercebidos. Gostei desse solo também, mas o fator destaque fica num pequeno solo de bateria…. e sim, pegadinha do malandro: quando você acha que a musica acabou, ela volta e continua num instrumental que culmina em um alto “I knoooow this world is cruuuueeeel”. O final dessa música é imprevisível.
“Iced Heart” é uma música bem interessante, não apenas pela sua composição, mas pelo conjunto todo da obra, ela tem um vocal bem pesado e a presença de um guitarra bem pesada junto com a voz do vocalista, mas o coral fazendo um intercalo em algumas partes, fazendo um conjunto de vozes é muito belo.
Chegamos finalmente em “Traumatic Scenes” uma música super rápida, agressiva, ela da vida a algo que no filme não consta: o destino final do personagem, como seria sua vida daquele ponto em diante? A progressão dessa musica é muito boa, o ritmo que ela mentem é extremamente agradável e rápido.
Traumatic Scenes é um excelente álbum, seu conceito é moderno, sua composição é fantástica, para quem curte peso nas musicas é uma opção super válida, possui músicas psicodélicas, músicas ao estilo trash, enfim, uma gama de canções na manga, possui também refrões que ficam bem grudados na mente. Uma boa pedida.
Faixas:
1. Marks of Time
2. Dark Journey
3. Rising from the Ashes
4. Fury and Rage
5. Visions From the Other Side
6. Burning My Soul
7. Memories
8. Before the End
9. Nightmare
10. Iced Heart
11. Traumatic Scenes
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