Edu Falaschi Brilha no Tokio Marine Hall: Uma Noite de Nostalgia e Poder

Texto e Foto: Thiago Tavares

O Tokio Marine Hall, renomada casa de eventos em São Paulo com capacidade para 4 mil pessoas, foi palco de mais um grandioso show de Edu Falaschi na noite do último dia 03 de Agosto. Celebrando os 20 anos do icônico “Rebirth World Tour: Live in São Paulo” (2003), o cantor trouxe um espetáculo que misturou nostalgia, emoção e uma produção de palco impecável.

Falaschi, que pendurou as chuteiras do Almah e lançou sua carreira solo, tem se apresentado regularmente no Tokio Marine Hall. Em cada uma dessas ocasiões, o local foi preenchido com fãs fervorosos, e a noite de ontem não foi exceção. O cantor manteve a tradição e proporcionou uma performance que fez jus às expectativas de sua legião de seguidores.

Desde a separação do Almah, Falaschi tem focado em revisitar seu passado com o Angra. Embora sua carreira solo tenha gerado álbuns como “Vera Cruz” (2021) e “Eldorado” (2023), que seguem a linha do power metal característico de sua trajetória, muitos críticos argumentam que ele poderia diversificar mais. No entanto, o público que lotou o Tokio Marine Hall mostrou que a nostalgia ainda tem um grande valor.

A noite começou com a apresentação do Storia, uma banda formada em 2023 e que tem chamado a atenção por sua sonoridade inspirada por Angra e outros grupos de power metal e prog. Composta por Pedro Torchetti (voz), Thiago Caeiro (bateria), Gabriel Veloso (guitarra) e Pablo Guillarducci (baixo), o Storia apresentou seu EP “Revenant — The Silver Age” na íntegra. Apesar da curta duração do set, de aproximadamente 20 minutos, a banda mostrou um potencial promissor.

Foto: Thiago Tavares

A performance do Storia começou com “The Grey Twilight”, uma faixa que imediatamente capturou a atenção do público com suas influências “angreiras”. “Rise of the Silver Knights” seguiu com frases de guitarra que evocavam a era do Angra, mas a faixa “It’s Treason Then” trouxe uma leve queda na dinâmica do show devido a uma falta de coesão nas linhas vocais.

No entanto, a apresentação foi concluída com a faixa-título do EP, “Revenant”, que reafirmou o potencial do grupo e encerrou o set com uma nota positiva. O Storia demonstrou habilidade técnica e uma clara influência do power metal, mas ainda precisa amadurecer sua identidade musical e aprimorar a experiência de palco.

Foto: Thiago Tavares

O Noturnall foi o próximo a se apresentar, e seu show começou com um impacto imediato. A banda, formada em 2013 e composta por Thiago Bianchi (vocal), Victor Franco (guitarra), Saulo Xakol (baixo) e Henrique Pucci (bateria), é conhecida por seu thrash/groove metal e sua performance enérgica ao vivo. Bianchi mostrou uma habilidade impressionante ao alternar entre técnicas vocais e interagir de maneira dinâmica com a plateia.

Foto: Thiago Tavares

O set do Noturnall incluiu faixas pesadas como “Try Harder” e “No Turn at All”, que destacaram a intensidade e a complexidade do som da banda. “Fight the System” foi um dos momentos altos do show, com uma energia frenética que capturou a atenção do público. A banda também apresentou uma emocionante versão de “Fairy Tale” do Shaman, em homenagem a Andre Matos, o que provocou uma reação emocionada da plateia.

Em um gesto de gratidão, o Noturnall incluiu em seu repertório a faixa-título de seu novo álbum, “Cosmic Redemption”, como forma de homenagear Sérgio Sacani, presente na plateia e responsável por apresentar o grupo ao público. A substituição da faixa “O Tempo Não Para” (Cazuza) pela nova música foi bem recebida, proporcionando uma transição suave entre os diferentes estilos presentes no set.

Foto: Thiago Tavares

A performance do Noturnall foi encerrada com as faixas “Scream! For!! Me!!!” e “Nocturnal Human Side”, que fundiram elementos melódicos e pesados, mostrando a versatilidade da banda e deixando uma impressão duradoura no público.

Finalmente, Edu Falaschi subiu ao palco por volta das 23h, após um atraso de 15 minutos. Este atraso gerou desconforto para muitos fãs, que tiveram que recorrer a carros de aplicativo ou transporte particular para voltar para casa, já que o serviço de metrô havia sido encerrado e o serviço de ônibus da madrugada é bastante limitado. A gestão dos horários dos shows, especialmente em eventos de grande porte, é crucial para a experiência do público e a falta de precisão neste aspecto foi um ponto negativo na organização da noite.

A cortina se abriu para revelar um espetáculo visual e musical impressionante. Falaschi, com sua jaqueta de couro emblemática dos tempos de “Rebirth”, foi acompanhado por Roberto Barros (guitarra), Diogo Mafra (guitarra), Raphael Dafras (baixo), Fábio Laguna (teclados) e Jean Gardinalli (bateria). A apresentação foi marcada por uma produção de palco caprichada, incluindo fogos indoor, disparo de fumaça e uma cenografia que incluía estátuas de anjo e soldados infláveis, remetendo a diferentes fases de sua carreira.

Foto: Thiago Tavares

A performance de Falaschi foi uma celebração da nostalgia, com uma execução praticamente integral do álbum “Rebirth World Tour: Live in São Paulo”. O setlist incluiu canções marcantes do álbum “Rebirth”, como “Nova Era”, “Acid Rain”, “Heroes of Sand”, “Millennium Sun” e “Running Alone”. A apresentação também homenageou a era Andre Matos com faixas como “Angels Cry”, “Metal Icarus”, “Make Believe” e “Carry On”. A inclusão de “The Number of the Beast” do Iron Maiden como parte do bis foi uma adição bem-vinda e divertiu o público.

Embora a voz de Falaschi tenha demonstrado os sinais do tempo e das dificuldades vocais ao longo dos anos, sua performance foi notavelmente superior à de 2022. A combinação de uma banda talentosa, uma produção visual impressionante e um setlist cuidadosamente escolhido garantiu uma noite memorável para os fãs.

Foto: Thiago Tavares

O bis incluiu a “Pegasus Fantasy Ultimate Version”, uma reinterpretação da música do anime “Os Cavaleiros do Zodíaco”, e “Spread Your Fire”, sugerindo que Falaschi pode estar se preparando para uma turnê focada no álbum “Temple of Shadows” (2004).

Em suma, a noite de ontem foi um triunfo para Edu Falaschi, que, apesar dos desafios e das críticas, demonstrou seu compromisso com o legado do Angra e sua habilidade de criar uma experiência ao vivo inesquecível. A turnê atual promete mais momentos emocionantes e celebrações do legado do heavy metal brasileiro, com Falaschi liderando o caminho com paixão e dedicação.

Foto: Thiago Tavares

Os próximos shows em Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis e Ribeirão Preto prometem continuar a jornada de celebração do legado do heavy metal. Em um cenário de grandes eventos de metal em São Paulo, a performance de Falaschi reafirma seu status como um dos maiores nomes da cena e garante que sua música e legado continuarão a inspirar e entreter por muitos anos.

Em nome do Ponto Zero, agradecemos ao Thiago Rahal Mauro pelo credenciamento para a cobertura do show.

EDU FALASCHI EM SÃO PAULO – TOKIO MARINE HALL – 03 DE AGOSTO DE 2024

In Excelsis / Nova Era
Acid Rain
Angels Cry
Heroes of Sand
Metal Icarus
Millennium Sun
Make Believe
Unholy Wars
Rebirth
Time
Running Alone
Crossing / Nothing to Say
Unfinished Allegro / Carry On
The Number of the Beast (Iron Maiden)

Bis:
Pegasus Fantasy (trilha sonora de Os Cavaleiros do Zodíaco)
Deus Le Volt! / Spread Your Fire

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