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MARATY anuncia primeiras atrações nacionais e tributo a Elis Regina

Renato Teixeira | Foto: Divulgação

Totalmente gratuito e inclusivo, festival internacional trará shows, filmes e workshops para a cidade histórica de Paraty entre 14 e 16 de junho

O MARATY, festival internacional que trará shows, filmes e workshops para a cidade histórica de Paraty (RJ) entre 14 e 16 de junho, anuncia suas primeiras atrações nacionais: no grande palco montado na Praia do Pontal, ao lado do Centro Histórico de Paraty, se apresentarão Ritchie, Renato Teixeira, Dona Onete, Terno Rei e Trio Mocotó.

O festival também revela a artista brasileira homenageada na edição de estreia: ninguém menos que Elis Regina! A genial cantora será celebrada com um debate sobre sua vida e obra e a exibição do documentário “Elis e Tom, Só Tinha de Ser com Você”, que narra a produção do álbum clássico, que completa 50 anos em 2024.

Além disso, o festival será aberto, na noite de sexta-feira, 14 de junho, com um show especial em tributo a Elis, concebido e dirigido pelo produtor musical João Marcello Bôscoli, filho da cantora.

Ritchie, Renato Teixeira, Dona Onete, Terno Rei e Trio Mocotó se juntarão a outros nomes nacionais, e a pelo menos duas atrações internacionais, que serão anunciados nas próximas semanas.

OS ARTISTAS

Ritchie – Ícone do synthpop nacional, está atualmente em turnê em teatros lotados com o show “A Vida Tem Dessas Coisas”, celebrando 40 anos do lançamento do clássico LP “Voo de Coração”.

Renato Teixeira – Um dos maiores nomes da música de raiz no Brasil, um cantor-compositor com mais de 50 anos de carreira e uma infinidade de sucessos gravados por ele próprio e por nomes como Elis Regina (“Romaria”) e Maria Bethânia (“Tocando em Frente”), além de discos feitos em parceria com amigos como Almir Sater e Sérgio Reis.

Dona Onete – Ela tem uma história de vida incrível: professora de História e especialista na cultura paraense, foi Secretária de Cultura do município de Igarapé-Miri antes de ser descoberta como cantora aos 62 anos de idade. Hoje, prestes a completar 85, é considerada a Rainha do Carimbó do Pará.

Terno Rei – Celebrada banda paulistana que vem ganhando um imenso público com seu indie rock denso e emocionante. Seu mais recente LP, “Gêmeos” (2022), foi escolhido como um dos melhores trabalhos do ano pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte).

Trio Mocotó – No fim dos anos 1960, eles ajudaram Jorge Ben a inventar o samba-rock e foram a banda de apoio do Babulina. Em 2023, depois de uma separação de 14 anos, João Parahyba, Nereu e Skowa se reuniram num show histórico, que marcou a volta do grupo.

SOBRE O MARATY

A cidade histórica de Paraty receberá um novo festival de música livre – totalmente gratuito, democrático e inclusivo –, dedicado a estimular o amor à cultura e a valorização da música de qualidade, independentemente de gênero. Com curadoria do produtor musical João Marcello Bôscoli e do jornalista André Barcinski e produção de Leandro Carbonato, o festival MARATY será realizado de 14 a 16 de junho de 2024, com atrações em diversos pontos da cidade: shows, debates, workshops e exibição de filmes sobre música. A organização do evento também conta com Carlos Pitchu na direção de Marketing e Parcerias.

A proposta do MARATY é ser um evento imersivo e tranquilo, sem atrações simultâneas e que permita ao público prestigiar todos os artistas que se apresentarem no festival e participar de debates e workshops.

Na Praia do Pontal, ao lado do Centro Histórico, um grande palco terá shows nacionais e internacionais de artistas de diferentes estilos, do rock ao soul, do afrobeat ao eletrônico, do jazz de vanguarda à música de raiz. Um palco-balsa itinerante, montado especialmente para o evento, levará alguns dos artistas do festival para apresentações em comunidades de ilhas e regiões costeiras mais distantes da cidade.

No Cinema da Praça, uma mostra de documentários musicais celebrará grandes nomes da música brasileira, enquanto um espaço em frente à Igreja de Santa Rita promoverá debates sobre nossa música, com presença de artistas e pesquisadores musicais. Artistas do festival também participarão de ciclos de workshop com estudantes da rede pública de ensino e moradores da região.

“O festival tem muitas propriedades. Seu ritmo, cadência, exuberância natural e cuidadosa curadoria musical trazem as pessoas para perto, informando, divertindo e formando plateias”, afirma João Marcello Bôscoli, um dos curadores do evento.

A produção local do MARATY empregará moradoras e moradores da cidade, pessoas acostumadas a trabalhar em grandes eventos realizados na região. Pelo menos 80% da mão-de-obra do evento será local, e todos os serviços essenciais – palco, iluminação, som, estruturas de tendas – serão contratados de empresas de Paraty, beneficiando diretamente a economia da região.

“Paraty está muito contente com a presença do Maraty no calendário de 2024. A cidade vem se destacando por sua programação de eventos musicais, e agora recebemos mais um festival que vai agregar qualidade a nosso calendário. Seja bem-vindo, Maraty, que 2024 seja o primeiro ano de muitos, e que traga bons frutos à nossa economia local e à nossa cultura”, comemora Marcos Paulo (Paulino), secretário de Turismo da Prefeitura, que apoia o festival.

O secretário de Cultura de Paraty, José Sérgio Barros, acrescenta que “o MARATY nasce na perspectiva de um novo modelo de festival em Paraty, possibilitando o envolvimento de diversos setores culturais e envolvendo a cidade em sua construção, a expectativa é de um evento totalmente inclusivo e diverso.”

A escolha da cidade não foi por acaso. Quase equidistante de Rio de Janeiro e São Paulo e próxima do Vale do Paraíba, Paraty tem uma história rica e uma cultura singular, com a presença de quilombos, aldeias indígenas e grupos musicais e artísticos que preservam e celebram nossas raízes. A cidade respira cultura e pulsa história.

Além disso, Paraty fica numa das regiões mais bonitas do Brasil, com praias e ilhas paradisíacas. A infraestrutura turística é de excelência, com centenas de pousadas, hotéis e agências de turismo, que faz de Paraty uma cidade acostumada a receber bem pessoas do Brasil e do mundo.

“Moro em Paraty há 13 anos e frequento a cidade há 40. É uma alegria imensa fazer um festival que pretende beneficiar essa região que tanto amamos, trazendo música de qualidade de forma gratuita, realizando debates e workshops para a população local, e atraindo turistas que vão ajudar a economia local”, afirma o curador André Barcinski.

MARATY – FICHA TÉCNICA

CURADORES

JOÃO MARCELLO BÔSCOLI é músico, produtor, curador e um dos maiores especialistas brasileiros quando o assunto é música. É sócio-fundador da Trama, maior empresa de música independente do Brasil, que já lançou mais de três mil CDs de artistas como Baden Powell, Cesar Camargo Mariano, Gal Costa, Ed Motta, Nação Zumbi, Otto, Paulinho Nogueira, Fernanda Porto, Wilson Simoninha, Elis Regina, Tom Zé, Tim Maia, Paulinho Nogueira e Rita Lee. Atualmente, é comentarista de música da rádio CBN e um dos apresentadores do podcast musical B3+1, líder de audiência do Spotify.

ANDRÉ BARCINSKI é um dos mais respeitados jornalistas e autores musicais do país, além de um produtor de eventos com larga experiência. Escreveu oito livros, incluindo “Barulho” (1992), vencedor do prêmio Jabuti de melhor reportagem. É autor de biografias de artistas brasileiros como Nelson Ned, João Gordo, Marcelo Nova e Sepultura. É coapresentador, com João Marcello Bôscoli, do podcast musical B3+1.

PRODUTOR

LEANDRO CARBONATO é um experiente produtor paulista. Atuou como redator e produtor do site Trama Virtual de 2002 a 2006, foi sócio do Inferno Club entre 2007 e 2013 e, desde então, se dedica à produtora de shows e agência de talentos Powerline, que realizou dezenas de shows internacionais. Em 2017, ingressa na Heart Merch, uma empresa de licenciamento de merchandise que trabalha com mais de 150 artistas nacionais e internacionais.

DIRETOR DE MARKETING E PARCERIAS

CARLOS PITCHU é ex-vice-presidente de Comunicação, Mídia e Conteúdo da Natura, onde foi responsável pela criação e implementação do Hub de Comunicação. Pitchu foi presidente da Tribal Worldwide em São Paulo, uma agência presente em 40 países, controlada pelo Grupo Omnicom. Com mais de 25 anos no negócio de publicidade digital, Pitchu criou projetos com grandes marcas como Peugeot, Renault, MasterCard, Santander, Nextel, Claro, Banco Real, Natura, Riot Games, Caloi, Ambev, B2W, Pepsico, Bayer, RedBull, Huawei, entre muitas outras.

Ritchie retorna aos palcos com o show “A Vida Tem Dessas Coisas”

Ritchie retorna aos palcos  com o show “A Vida Tem Dessas Coisas”,  para comemorar os 40 anos de lançamento do seu álbum “Voo de Coração” e convida um “Dream Team” para dividir esta grande empreitada.

“Menina Veneno” chegou aos 40 anos. O tempo passou rápido para o maior sucesso da carreira de Ritchie: a música atravessou as últimas quatro décadas sendo cantada por todo mundo, não importa a geração. Então, nada mais justo que ele prepare uma grande comemoração para os 40 anos de lançamento do álbum (era assim que se chamava na época) “Voo de coração”, da qual “Menina Veneno” faz parte. Ritchie vai sair em turnê com o show “A Vida Tem Dessas Coisas”.  No repertório, os sucessos que marcaram a carreira desse inglês que chegou ao Brasil nos anos 70 e não foi mais embora. São músicas que ainda estão e ficarão na memória por muitas tantas décadas. Que o diga as mais de 70 milhões de visualizações de suas músicas, (regravadas no formato “ao vivo no estúdio”), no seu canal exclusivo do YouTube.

Para apresentar ao público canções como,  “A Mulher Invisível”, “Casanova”, “Pelo Interfone”, “Transas”, além da própria “Menina Veneno” e de “A Vida Tem Dessas Coisas”, que empresta o nome à turnê, Ritchie montou um show para marcar época no século XXI.

Seu novo empresário, Steve Altit, responsável por trazer ao Brasil grandes estrelas internacionais e ter empresariado alguns dos mais consagrados artistas brasileiros, reuniu um time de peso para viabilizar o projeto.  Em “Voo de Coração’, Ritchie já falava em holograma, computador pessoal, numa época em que esses equipamentos mal existiam. Vamos ambientar esse espetáculo com a tecnologia atual para reforçar esse lado visionário que Ritchie sempre teve”, diz Alexandre Arrabal, ao lado de Kiko Dias, que assinam a direção de arte da turnê. Esse conceito ainda vem acompanhado da iluminação de Césio Lima, nome por trás da luz/fotografia dos maiores shows nacionais e internacionais no país.

No palco, Ritchie estará acompanhado por um quinteto com alguns dos melhores músicos de São Paulo.

Essa nova jornada de “Menina Veneno”, para comemorar seus 40 anos, começa no Rio de Janeiro, dia 11 de Agosto,  no Vivo Rio, dia 13 de Agosto em São Paulo no Espaço Unimed, dia 19 de Agosto, dividindo o palco com o também inglês Steve Hackett, em uma noite mágica, oferecendo um show  sem cobrança de ingressos,  na linda praia de São Francisco em Niterói, dia 15 de Setembro em Juiz de Fora  e no dia 16 de Setembro no charmoso Palácio das Artes em Belo Horizonte, seguindo em outubro para o Sul do país, passando por Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis, seguindo, voando em direção aos  corações do Brasil, para encantar platéias e para que a gente nunca se esqueça de que a vida tem dessas coisas.  Jorge Espirito Santo – Diretor Geral – Show: A Vida Tem Dessas Coisas.

Links agregados com informações sobre o artista : https://beacons.ai/ritchie

Ficha Técnica do show A Vida Tem Dessas Coisas

Músicos:
Eron Guarnieri – Teclados e Vocais
Igor Pimenta – Contra-Baixo
Renato Galozzi – Guitarras, Violões e Vocais
Hugo Hori – Saxofone, Flauta e Vocais
Luiz Capano – Bateria

Equipe:
Assessoria de Imprensa e Coordenação Redes Sociais – Ana Paula Romeiro
Figurinos – Leda Zuccarelli
Projeto Iluminação – Césio Lima
Direção Musical – Ritchie
Direção de Arte – Alexandre Arrabal e Kiko Dias
Direção Geral – Jorge Espirito Santo
Coordenação Geral – Steve Altit:
Realização – Top Cat Produções Artísticas

AGENDA

11 de Agosto –  Rio de Janeiro – Vivo Rio
Av. Infante D. Henrique, 85 – Parque do Flamengo
Phone: 55.21. 2531-1227 – Web: http://www.vivorio.com.br/

13 de Agosto – São Paulo – Espaço Unimed  
R. Tagipuru, 795, Barra Funda – São Paulo – SP – ZC 01156-000                   
Phone: +55 (11) 3864-5566 – Web: http://espacounimed.com.br/

19 de Agosto – Niteroi:
Praia de São Francisco S/N – Aberto ao Público sem cobrança
Praça do Rádio Amador S/N – Praia de Sao Francisco – Niterói – Rio
Telefone: +55(21) 2722-1973 – Web: http://www.niteroi.rj.gov.br

15 de Setembro – Juiz de Fora: Grande Theatro Central
Praça João Pessoa, S/N – Centro, Juiz de Fora – MG, 36010-150
(32) 3215-1400 Web: https://www.theatrocentral.com.br

16 de Setembro – Belo Horizonte: Teatro Palácio das Artes
Avenida Afonso Penas 1.537, Centro Belo Horizonte
Phone :31.3236-7400    Web: http://www.fcs.mg.gov.br

Top Cat Produções Artisticas e Eventos Esportivos
www.topcat.com.br

No Cine Joia (25/05), em SP, Ritchie celebra 40 anos do LP Voo de Coração

Foto: Gal Oppido

Apresentação será no Cine Joia; músico também homenageará ídolos como Cat Stevens, Caetano Veloso e Peter Gabriel

No dia 25 de maio, o Cine Joia, em São Paulo, recebe um show especial do Ritchie e banda para celebrar 40 anos de um dos discos mais importantes do pop brasileiro: “Voo de Coração”. A realização é da produtora Mar Festival, que no mês de abril estreou com a produção – sold out! – da influente banda norte-americana The Brian Jonestown Massacre em SP.

Lançado em junho de 1983, o disco trouxe pelo menos meia dúzia de hits de rádio, como o hit eterno, “Menina Veneno”, e outros sucessos como “Pelo interfone”, “A vida tem dessas coisas”, “Voo de Coração” e “Casanova”.

“Voo de Coração” foi o LP mais vendido do Brasil naquele ano e permaneceu nas paradas nacionais por tanto tempo que, no fim do ano seguinte, ainda disputava a liderança com Roberto Carlos e “Thriller”, de Michael Jackson.

No show, Ritchie, acompanhado de uma excelente banda, formada por músicos experientes como Hugo Hori (sax e flautas), Eron Guarnieri (teclados), Luis Capano (bateria), Renato Galozzi (guitarrista) e Igor Pimenta (contrabaixo), fará um apanhado de seus 40 anos de carreira e homenageará ídolos como Cat Stevens, Caetano Veloso, Peter Gabriel e Righteous Brothers.

SERVIÇO
Ritchie – 40 anos Do LP “Voo de Coração”
Data: 25 de maio de 2023 (quinta-feira)
Horário: 20h30 (portas)
Local: Cine Joia
Endereço: Praça Carlos Gomes, 82 – Liberdade – São Paulo/SP
Classificação etária: 18 anos
Venda on-linehttps://pixelticket.com.br/eventos/13067/ritchie-em-sao-paulo
Ingressos:
R$ 130 (3º lote – meia entrada promocional, com doação de um quilo de alimento não perecível);
R$ 260 (3º lote – inteira)
R$ 440 (Camarote, 2º lote – inteira).

‘Voo do Coração’, um marco do pop brasileiro

Por André Barcinski

Em junho de 1983, um disco-voador pousou na música brasileira. Na época, ninguém entendeu direito o que era e nem de onde ele veio. Mas ele veio para ficar.

“Voo de Coração”, LP de estreia de Ritchie, era uma anomalia no pop brazuca: a música radiofônica brasileira do início dos anos 80 era orgânica, feito de guitarras, não de sintetizadores. Era uma música solar, praiana e alegre – Blitz, Lulu, Gang 90 –, ao passo que a música de Ritchie era gélida e contida, o que lhe conferia uma atmosfera mais europeia e cool.

Além disso, a figura de Ritchie contrastava com a de um popstar tropical: magérrimo, meio andrógino, com orelhas pontudas e dentes imperfeitos, usava um topete de gel, vestia jaquetas de couro e cantava com um forte sotaque estrangeiro.

A canção tinha uma letra sexy e misteriosa, com um refrão absolutamente inesquecível e solo de saxofone, um must do pop da década de 1980. Se fosse gravada em inglês pelo Duran Duran, “Menina Veneno” teria sido um sucesso mundial.

Ritchie não tinha na manga apenas essa música. O disco todo, “Voo de Coração”, era muito bom, com canções pegajosas, bem-produzidas e hits a granel, como “Pelo interfone”, “A vida tem dessas coisas”, “Voo de coração” e “Casanova”. Todos os sintetizadores foram gravados por Lauro Salazar, um brasileiro que morava em Munique e trabalhava com alguns dos músicos mais importantes da vanguarda alemã, como o baterista Curt Cress, conhecido por seu trabalho solo e por discos com Falco e Alphaville.

Salazar também fez os arranjos do LP de Ritchie e, mais tarde, tocaria teclados no sucesso “Cheia de Charme”, de Guilherme Arantes.

Desde “Secos & Molhados”, nenhum disco de estreia no Brasil fizera tanto sucesso quanto “Voo de Coração”. Ritchie saiu em uma turnê gigante – com 139 shows em sete meses – por Brasil, Paraguai e Peru, levando toda a aparelhagem de som e iluminação. A excursão passou por cidades que nunca tinham visto uma guitarra elétrica, quanto mais um sintetizador.

E o professor de inglês, que ganhava a vida dando aulas para Gal Costa e outros, virou o maior popstar do Brasil.

Foto: Gal Oppido

Ritche e a gênese de ‘Voo de Coração’

Quando estourou com “Menina veneno”, Richard David Court, o Ritchie, já era um veterano da cena musical no Brasil. O inglês desembarcara por aqui em 1972, para três meses de férias, mas nunca mais voltou à Inglaterra (sua matrícula no curso de literatura inglesa em Oxford ainda está aberta).

Ritchie era um músico versátil: tocava vários instrumentos e havia cantado no coral da Sherborne School, tradicional escola britânica, onde foi colega do ator Jeremy Irons. Em Londres, conheceu Rita Lee, que o convidou para passar uma temporada com os Mutantes em São Paulo.

Ao chegar, Ritchie logo se enturmou com os brasileiros. Montou uma banda, Scaladácida, que cantava em inglês, e foi chamado para o grupo de rock progressivo Vímana, no qual tocou com Lulu Santos e Lobão. A cena roqueira no Brasil era pequena e ortodoxa. O rock progressivo de Yes, Gentle Giant e Emerson, Lake & Palmer dominava as discussões.

“As pessoas não acreditavam que havia um roqueiro inglês de verdade por aqui, que cantava em inglês, e eu virei um rockstar. Várias bandas tentavam cantar em inglês, mas falavam muito mal. Pensei: ‘Posso me dar bem por aqui!'”

Quem tinha visto shows de Roxy Music, Mahavishnu Orchestra e Yes na Europa não se impressionava muito com as bandas brasileiras, exceto com os Mutantes. “Eles eram fora de série, estavam no mesmo nível técnico de qualquer banda estrangeira. Tinham uma força e uma originalidade impressionantes.

Virei grande fã deles.” Ritchie morou por um tempo com Arnaldo e Sérgio e presenciou as brigas que culminariam na saída de Rita Lee do grupo.

O Vímana acabou em 1977, sem estourar, e Ritchie foi dar aulas de inglês para sobreviver. Não via nenhuma perspectiva para quem gostava de rock e pop. Cansou de ouvir gravadoras dizerem que o rock jamais teria vez no Brasil, pois o povão não apreciava. Ritchie conseguiu um emprego na escola de inglês Berlitz e deu aulas particulares para Paulo Moura, Egberto Gismonti, Gal Costa e Liminha. Já tinha se conformado em abandonar a música.

Em 1980, o ex-baterista do grupo inglês Traffic, Jim Capaldi, casado com uma brasileira, pretendia gravar um disco solo, “Let the Thunder Cry”, e convidou Ritchie para ajudá-lo com os arranjos vocais em Londres. Capaldi reuniu um supergrupo para o LP, incluindo o baterista Simon Kirke (Free, Bad Company), o saxofonista Mel Collins (King Crimson, Camel), o percussionista Rebop Kwaku Baah (Can, Traffic) e o baterista Andy Newmark, que havia trabalhado com Sly and the Family Stone, Cat Stevens e Pink Floyd, e gravaria, meses depois, o último disco de John Lennon, “Double Fantasy”.

Ritchie ficou orgulhoso por estar no meio daquelas feras. Embora fosse um músico desconhecido, sentiu-se respeitado por todos. Além de cantar, acabou ajudando na produção do disco. O trabalho restaurou a confiança artística que ele havia perdido. Ao mesmo tempo, começou a notar que a cena no Brasil estava mudando, e que a música jovem ganhava terreno no país. E, assim que voltou ao Brasil, bateu à porta do amigo Bernardo Vilhena, letrista e poeta do grupo Nuvem Cigana: “Bernardo, vamos ganhar dinheiro?”.

Meses antes, a mulher de Ritchie, Leda, tinha trazido do exterior um Casiotone, pequeno teclado eletrônico. O músico sabia as limitações do instrumento, mas ficou fascinado com a sonoridade moderna do brinquedo. Na época, faziam sucesso grupos de synthpop como Soft Cell, Depeche Mode, Human League e A Flock of Seagulls, que usavam sintetizadores em canções dançantes. Havia também uma vertente do synthpop chamada new romantic, nascida de clubes do underground londrino, inspirada no visual andrógino e chique de Roxy Music e David Bowie, e que revelaria grupos como Duran Duran, Visage, Culture Club e Spandau Ballet. Ritchie seria o primeiro new romantic brasileiro. Só faltava convencer as gravadoras.

Várias músicas que entrariam no primeiro disco do cantor com a CBS foram gravadas em um porão pelo produtor Liminha, durante uma sessão que contou com o guitarrista Steve Hackett, ex-Genesis, outro gringo casado com uma brasileira.

Ritchie mostrou à CBS a fita demo com duas músicas, “Voo de Coração” e “Baby, meu bem”. O executivo da gravadora, Claudio Condé, adorou as canções e deu ao músico um horário de estúdio que ninguém queria – a tarde de 31 de dezembro de 1982. Ritchie deveria regravar as faixas em 24 canais, pois as demos haviam sido feitas em oito canais.

Mas o cantor tinha outros planos: em vez de usar o estúdio para mexer em músicas prontas, decidiu gravar uma inédita, que havia acabado de fazer com Bernardo Vilhena, chamada “Menina Veneno”. Na tarde de 1º de janeiro de 1983, ignorando o feriado, Ritchie bateu na casa de Condé: “Você vai me desculpar, mas eu não passei as músicas pra 24 canais, eu gravei outra”.

O diretor da CBS nem teve tempo de reclamar. Ritchie colocou a música para tocar e Condé ficou de queixo caído: “Isso aí é tudo o que a gente queria”.

Quem ouve “Menina Veneno” hoje pode ter dificuldade em compreender por que a canção soava tão moderna em 1983. Mas os que viveram aquela época sabem o choque que foi ouvir uma canção tão futurista em português. Aquilo simplesmente não existia por aqui. E hoje, 40 anos, depois, “Voo de Coração” é justamente celebrado como um disco fundamental do pop brasileiro.