Por Thiago Tavares
“United Forces”. Em tradução livre ao português é “Unir Forças”. Sem dúvidas, a união de forças da banda sueca Hammerfall e da banda alemã Helloween, em uma passagem conjunta no Brasil resultou em uma série de shows onde o público não teve o que reclamar e ambas puderam demonstrar a força do power metal europeu.
Na capital paulista, as bandas se apresentaram nos dias 08 e 09 de Outubro, com uma chuva sem precedentes, daquelas que podem afastar algumas pessoas do rolê, mas entre quem lançou discos na época da pandemia e uma chuva, a segunda hipótese era o de menos para poder ver essa dupla.
Não só o público estava ansioso como a pessoa que escreve este texto também, ainda mais com uma chuva torrencial no domingo, atrapalhando o trajeto de ida ao Espaço Unimed e querendo chegar a tempo do primeiro ato, às 18:00.
Diante das informações que recebi contra o fato, os suecos do Hammerfall pisaram no palco as 18:30, mas antes disso, diante da movimentação dos roadies da banda, a galera entoou o clássico Run to the Hills do Iron Maiden perante a discotecagem do local para dar aquela esquentada básica na galera, que começou a se aglomerar para mais perto do palco. Os caras iriam começar a tocar o terror.
Enfim, o quinteto formado por Joacim Cains (voz), Oscar Dronjak (guitarra), Pontus Norgren (guitarra), Fredrik Larsson (baixo) e David Wallin (bateria) iniciou os trabalhos no Espaço Unimed com uma proposta bem clássica, em distribuir bem a discografia no set do domingo (09), ainda mais que a banda tinha 60 minutos para sua apresentação. Os caras não perderam tempo e emplacaram “Brotherhood”, a primeira faixa do novo álbum intitulado “Hammer of Dawn” para ambientar todo mundo, naquela porradaria clássica made in Sweden. Neste momento, era perceptível como os músicos já estavam bem entrosados e até arriscaram alguns movimentos sincronizados e explorando todos os cantos do palco, a fim de interagir com a galera.

Do álbum de 2022, a banda foi para um álbum de 2009: “Any Means Necessary”, pertencente ao álbum “No Sacrifice, No Victory” onde a galera vibrou bastante, entretanto, uma falta perceptível do baixo de Fredrik Larsson.
Após a execução de “The Metal Age” o frontman da banda Joacim Cains, pôde trocar algumas palavras com o público brasileiro, onde mencionou que sentia falta do Brasil, questionou se os fãs estavam com saudades e citou o novo álbum que estava na praça.
Na sequência, foi executada a música “Renegade”, esta que foi substituta de “Blood Bound” que esteve nos shows em Costa Rica e no México, onde a decisão foi bem acertada e o público pode chancelar, se mantendo empolgado durante toda a execução
A diante, a banda sueca apostou em um medley que uniu trechos de músicas clássicas do álbum “Crimson Thunder” de 2022: “Hero’s Return”, “On the Edge of Honour”, “Riders of the Storm” e a faixa-título. Na minha humilde opinião, quando uma banda insere um medley (ou pout-porri, como desejam) com clássicos, deve ser item obrigatório em um show. É como se fosse um cartão de visitas eterno, para mostrar aos novos e antigos fãs o poder que uma banda possui e a devida contribuição com a cena do metal. Ainda sob este aspecto era plenamente perceptível o profissionalismo e a sincronia dos caras.

Em um segundo momento de diálogo com o público do Espaço Unimed, Cans questionou quantos estavam assistindo o Hammerfall pela primeira vez e cobrou respostas vibrantes (“não estou ouvindo; estamos em um show de heavy metal, não na escola”).
Mais para o fim do primeiro ato, antes de executar “Hearts on Fire”, Cans pediu muito barulho para a próxima atração da noite e afirmou com todas as letras que sem o Helloween, não existiria Hammerfall. A faixa que fez fechar a conta da participação foi sem dúvidas a mais bem recebida pelo público. Certamente uma parcela do público não conhecia a banda sueca, porém, a simpatia do Joacim Cans chamou a atenção da galera, que diante da vibração correspondeu ao estender a bandeira do Brasil em alguns momentos do show. O público já tinha aquecido os motores o suficiente para receber a atração principal.

Houve um pequeno intervalo de 30 minutos para o povo recuperar o fôlego, curtir a discotecagem da casa e também dar aquela calibrada na garganta. Não foi aquela eternidade de espera onde era perceptível que os equipamentos já estavam prontos e só havia a necessidade de fazer os testes de som básicos para iniciar o segundo ato.
Exatamente faltando dois minutos para as oito da noite, os telões do Espaço Unimed exibiram uma vinheta com ao instrumental de “Orbit” e em seguida, o grupo alemão formado por Andi Deris (voz), Michael Kiske (voz), Kai Hansen (guitarra e voz), Michael Weikath (guitarra), Sascha Gerstner (guitarra), Markus Grosskopf (baixo) e Dani Löble (bateria) sobe ao palco e logo traz seu cartão de visitas na terceira passagem do grupo no Brasil: “Skyfall” onde o público entoou com vibração o refrão dessa música que certamente é aquela não pode ser excluída do set, mantendo ela de forma eterna.

“Eagle Fly Free” fez com que o Espaço Unimed ficasse completamente vermelho, fora o show de papel picado que é marca registrada dos shows da banda, onde praticamente a faixa e para chutar a porta e manter o início da apresentação em alto patamar.
“Mass Pollution”, este do novo álbum ao ser executada ao vivo demonstrou o quanto Andri Denis vem cantando bem, uma vez que ele deixou de cantar as músicas que de forma original são gravadas por Michael Kiske. A presença de palco de Denis e a forma de conduzir o público fazem o show ficar mais bacana e envolvente.
A sexta faixa do set teve variações conforme onde a banda passou. “I am Alive” foi executada nos shows na Colômbia e Ribeirão Preto e “Angels” foi apresentada no Chile. No show de São Paulo, a banda alemã executou “Save Us”.
Praticamente no meio do show, chegou aquele ponto em que particularmente é o meu favorito: o medley de Kai Hansen. Citado por Andi Deris como o “homem que começou tudo isso, no ano de 1983” Hansen iniciou o medley “Walls of Jericho” (1985) na qual contém trechos das músicas “Metal Invaders”, “Victim of Fate”, “Gorgar”, “Ride the Sky” e “Heavy Metal (Is the Law)”, sendo a penúltima aquela música que empolga o público e entoa com força o refrão clássico.

Indo para o lado mais melódico (ou da sofrência, como queiram dizer) “Forever and One (Neverland)” mostrou o entrosamento e qualidade vocal da dupla Michael Kiske e Andi Deris, algo que lembra bastante a execução da faixa no DVD “United Alive”. A dupla pediu ao público uma maior interação ligando as luzes dos celulares, onde houve o devido esforço para reproduzir o que ocorreu em 2017, entretanto não foi a mesma coisa.
Após a apresentação solo de Sascha Gerstner para dar aquele descanso para a galera, mais uma do novo álbum a ser executada: “Best Time”. Esta é aquela música que dá um certo equilíbrio ao show, onde não declina e também não empolga. Foi o que percebi pelo menos quando foi executada.
Obviamente não poderia faltar “Dr. Stein” para todo mundo sair da casinha, e é perceptível como todos os integrantes da banda se divertiam e também o público, onde nem precisava ser fã da banda para poder entrar na brincadeira.
Partindo para o fim do segundo ato, o Helloween ofereceu dois bis para ninguém sair do Espaço Unimed reclamando..kkkk onde o primeiro foi encerrado com a música “Perfect Gentleman” com Andi Deris devidamente caracterizado de cartola, bengala e paletó para fazer jus ao título. “Keeper of the Seven Keys” veio em seguida e emocionou os presentes com suas devidas passagens de melodia forte. Já o segundo bis foi encerrado com a clássica e emblemática “I Want Out” com muito agito da galera e mais chuva de papel picado nas cores branca e laranja.

Mas o balanço que pode se tirar do show do Helloween é que o mesmo passa por diversas fases, a de se divertir, a de se emocionar, a fase mais técnica. É claro que por mais que tenha músicas do novo disco inseridas não darem aquela empolgada na galera – no qual é compreensível – com o tempo caem no gosto da galera, mas não se pode questionar que o show dos caras é vibrante, contagiante e divertido.
Em nome do Ponto Zero, agradecemos a Denise Catto da Catto Comunicação por ter concedido a credencial de cobertura do show.
SETLIST HAMMERFALL – ESPAÇO UNIMED – 09 DE OUTUBRO DE 2022
Brotherhood
Any Means Necessary
The Metal Age
Hammer of Dawn
Blood Bound
Last Man Standing
Hero’s Return / On the Edge of Honour / Riders of the Storm / Crimson Thunder
Let the Hammer Fall
(We Make) Sweden Rock
Hammer High
Hearts on Fire
SETLIST HELLOWEEN – ESPAÇO UNIMED – 09 DE OUTUBRO DE 2022
Skyfall
Eagle Fly Free
Mass Pollution
Future World
Power
Angels
Walls of Jericho
Metal Invaders / Victim of Fate / Gorgar / Ride the Sky (Kai Hansen Medley)
Heavy Metal (Is the Law)
Forever and One (Neverland)
Guitar Solo (Sacha Gerstner)
Best Time
Dr. Stein
How Many Tears
Bis:
Perfect Gentleman
Keeper of the Seven Keys
Bis 2:
I Want Out
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